No final de 25/10, domingo, após terminar o segundo dia de provas do Exame Nacional do Ensino Médio/Enem em Ponte Nova, as estudantes Leuciani Aparecida Duelle Rossi, Juliana Toledo Miranda da Silva, ambas de 29 anos, e Cássia Tensol da Silva, 20, registraram, em boletim de ocorrência na Polícia Militar, que, sendo surdas, foram prejudicadas ao responderem às questões das provas na EM Reinaldo Alves Costa, no bairro Triângulo, pois foi disponibilizada apenas uma intérprete para auxiliá-las.
De acordo com a reclamação das estudantes, o fato gerou atraso na conclusão das provas, que naquele dia tiveram duração de 5 horas e 30 minutos. Falando a esta FOLHA, Leuciani também reclamou de uma questão (o enunciado mencionava "ao ouvir uma flauta e um piano emitindo a mesma nota musical, consegue-se diferenciar esses instrumentos um do outro. Essa diferenciação se deve principalmente ao …") Ela protestou, pois “como é que nós, surdas, vamos saber o som? Isso é falta de respeito! Estão na lei os nossos direitos, mas nem o Governo respeita”, protestou ela, que preside a Associação dos Surdos de Ponte Nova.
Gutemberg José, servidor federal responsável pela aplicação do Enem no município, revelou que Leuciani chegou a procurá-lo para fazer a reclamação, inclusive no Enem de 2014 (quando esta FOLHA também divulgou reclamação similar à deste ano), "mas este tipo de ação não depende de mim. O estudante deve especificar durante a inscrição que é portador de necessidades especiais, e o edital da prova especifica as condições. No caso de surdos, o INEP envia um interprete a cada 6 alunos surdos. Eu só cumpro as determinações do Instituto”, explicou ele.