
No princípio, vindo do Rio de Janeiro, o príncipe pensava: “Tenho que ir para um lugar onde eu fique na paz.” Um tempo depois, encontrou o amor e há 18 anos compartilha seu reinado com o “Signore das plantas”, Biagio Ferrari Real, com quem se casou no Condado do Rio Doce, onde aportaram os avós italianos. Coisa de história encantada: a avó do príncipe, Josephina, era irmã do avô do Signore, Biagio.
Apesar de parecer fantasia, esse príncipe existe e na segunda-feira passada fui visitá-lo. Recebeu-me sem cerimônias: em chinelos azul celeste de nuvem, acompanhado pelo fiel escudeiro, seu filho de alma, o cane corso Valentim. Juntos, quase todas as manhãs e prontos para as labutas.
Salvador Antônio Alvarenga Ferrari Real é um príncipe que vence as batalhas com armas poderosas. Sua voz mansa apazigua a falazada. Seu sorriso solar paralisa o preconceito. Sua fé no estudo vence o medo de ver espíritos.
As línguas ferinas da cidade conservadora já o machucaram, mas, ultimamente, do alto do seu meio século, ele se mantém elegante, praticando o amor ao próximo. “Amar demais as pessoas, todo mundo (risos)”: é o que considera sua maior qualidade. O que ele chama de defeito: “Às vezes acomodar com algumas coisas, ah… vou deixar pra lá,” eu penso que é outra qualidade: a da paciência.
O jeito pacífico de não entrar em discussão e evitar energias ruins, ele tem aprimorado no espiritismo. Estudar a doutrina espírita (frequenta o Grupo da Fraternidade Espírita Irmão Fritz) lhe dá o entendimento para lidar com a mediunidade.
“- O que você mais gosta de fazer na vida?
“- Ficar em casa, se eu não tivesse combinado com você, teria fervido no estudo até agora. E adoro beach tennis.”
Salvador ama estudar. Já fez pós-graduação em Farmacologia, Nutrição Esportiva, Gestão Empresarial e atualmente em Fitoterapia Integrativa.

Fácil dizer que Nutrição seja seu próximo curso. Difícil saber qual será o esporte seguinte. Pequeno, Salvador caía na piscina e se imaginava campeão de natação. Aos treze, aprendeu vôlei. Depois, handebol. Casado, chegou à faixa marrom de jiu-jitsu e o desporto do momento tem sido o beach tennis: mistura do tênis tradicional, vôlei de praia e badmington. Mais do que exercício, paixão! “Dei uma paradinha, tava viciante.”(risos)
Hoje “só” treina na terça, faz aula na sexta e joga aos sábados e domingos. Na sua rede social, fotos e vídeos dos campeonatos, duplas, conquistas… “Postei uma foto ontem com a raquete (risos), o campeão mundial [Mattia Spoto] pegou e jogou no Instagram dele.” (risos)
“- Esse humor você não perde nunca. O que faz quando está triste?”
Para ele, o esporte é uma força.
À grande mesa de 14 lugares, herança do padeiro avô do marido, “com marcas de faca que passava nas massas,” esvaziamos a bela chaleira de vidro, conversando sobre saúde: “A gente está ligada na prevenção, isso é bacana” -, maturidade: “Se a gente tá errada, a gente é que tem que mudar” e identidade: “Assumir para as pessoas te enxergarem melhor.”
“- Deus te proteja”, nos despedimos.
No meu imaginário, príncipes são elegantes, corajosos, delicados, amorosos. Valorizam a amizade e a família. Assim é Salvador. Ao nosso encontro, trouxe carinhosamente o marido, Biagio, os filhos “de alma” Valentim e Rainha, o pai Giulio, a mãe Glaura, a irmã Consola, o irmão Giulinho, a cunhada Zênia, o cunhado Neder.
Deus proteja o amor dessa família real!