Nessa quinta-feira, 2/11 – Dia de Finados -, a Paróquia São Pedro/Palmeiras promoveu missa no Cemitério dos Cativos, no distrito do Pontal, mantendo a tradição de cultuar a memória dos mortos no local onde eram sepultados os escravos da região da hoje extinta Fazenda do Barão do Pontal.
O padre Ronaldo Chaves celebrou tendo parceria com integrantes da Pastoral
Afro-Brasileira e apoio do Grupo Afro Ganga Zumba (veja fotos de Rosângela Lisboa e vídeo de Luciano Sheikk). O Cemitério foi tombado em 13/5/1999, passando a integrar o Patrimônio Histórico e Cultural de Ponte Nova.
O padre registrou, na sua homilia, o horror da escravidão ao longo dos tempos, como "facetas da maldade humana e do pecado". Citou Jesus como "redentor de todos os cativos" e cobrou atuação cristã contra a escravidão moderna e seus instrumentos de opressão. Exemplificou, neste aspecto, com o caso da recente portaria federal – felizmente já revogada – que minimizava a atuação da fiscalização do trabalho escravo pelo Brasil afora.
Sheikk postou, em sua página no Facebook, que, participando da celebração, lembrou-se “do sofrimento dos cativos e das primeiras escravas libertas em Ponte Nova – Roza e Vitória -, em 1863, antes mesmo da Lei do Ventre-Livre e da Lei Áurea. A paz que emanou foi sem igual. E pensar que os negros, até da possibilidade de vida eterna, eram excluídos”.
Luciano ainda lembrou que o Barão do Pontal (Manoel Ignácio de Mello e Souza) governou a Província das Minas Gerais (1832-1833) e viveu os últimos anos de sua vida na referida fazenda.
Em seu livro “Terras de Negro e de Fé”, Ana Luíza Fernandes de Oliveira Dias informa que esse cemitério seria do final do século XVIII. “Teria sido construído por escravos – de origem nagô -, uma vez que não havia permissão para sepultamento de negros no mesmo terreno dedicado aos brancos”, escreveu ela.