Adair Liberatto – Atriz, diretora de teatro, produtora cultural e
facilitadora de Dança Circular

Hoje, quando uma mulher resolve estudar, ela toma a decisão e pronto. Está feito. Como também é natural ela sair de casa para votar no dia da eleição.
Mas nem sempre foi assim. Essas conquistas tornaram-se tão simples que às vezes as longas e duras batalhas vivenciadas pelas mulheres, para alcançá-las, ficam esquecidas.
Enquanto em 1500 o homem já estudava, só em 1827 é que a mulher teve direito ao acesso à escola. Mas esse acesso não incluía a mulher negra.
Em 1932, quando a mulher conquista o direito ao voto, o homem já votava e era votado desde 1532. E a mulher negra? Quase que totalmente excluída desse processo. Para ela ter o direito, era preciso comprovar emprego e renda fixa, ser alfabetizada e, se casada, obter a permissão do marido.
Nesse contexto e em tantos outros, vejo a grandeza da mulher. O quanto ela é e continua sendo: gigante. Não importa a cor, a raça, a condição social. Ela supera desigualdades e cada uma do seu jeito constrói seu espaço. Criou trajetória de conquistas de 1827 a 2022, que reflete na vida de cada uma de nós. E a luta não para.
Contudo ainda representamos apenas 16% do total de vereadores eleitos no país. Mesmo sendo a maioria de eleitoras. É preciso mudar esse cenário.
O país urge por mais mulheres na política. É importante que elas atuem coletivamente com outras mulheres. Que elam busquem inspirações em mulheres como Djamila Ribeiro, Irmã Zélia Patrício, Luíza Trajano, Elza Soares e tantas outras. Inspirações. Sem cor. Sem raça.
Mulher + Mulher = Mudança.
– Texto publicado em nossa edição impressa de 11/3 (alusiva ao Dia Internacional da Mulher).