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Remanescentes de quilombos em Ponte Nova, Barra Longa e Mariana

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Mulheres: na frente!

Fabiana de Souza Silva – Professora de Redação e Língua Portuguesa do Colégio
 Athenas Equipe Ponte Nova
 
 
Não é de hoje que o papel das mulheres sempre foi fundamental, embora ainda haja imensos empecilhos para que isso seja reconhecido. Historicamente, são as mulheres as responsáveis pelas funções de cuidado na sociedade, como na administração das casas, na criação dos filhos, nos cuidados com os idosos e doentes. Na área da saúde, são elas que assumem a linha de frente. Não é diferente no enfrentamento da pandemia da Covid-19.
 
No Brasil, por exemplo, 90% do trabalho de cuidado são realizados informalmente pelas próprias famílias. Desses 90%, quase 85% são feitos por mulheres. Quando o trabalho doméstico é remunerado, existe uma diferença considerável entre homens e mulheres.
 
O trabalho doméstico, mesmo quando remunerado, muitas vezes é informal. Essa tendência à informalidade faz com que ainda seja comum encontrarmos, no Brasil, pessoas que executam trabalho doméstico remunerado, porém, sem registro em carteira e com remuneração inferior a um salário mínimo.
 
Segundo dados levantados pela Oxfam, “as mulheres que não tinham carteira de trabalho assinada receberam, em 2018, R$ 707,26, ao passo que para as formalizadas esse valor foi de R$ 1.210,94”.
 
O relatório “Covid-19: Um Olhar para Gênero”, do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA), revela que 70% da força de trabalho da área da saúde no mundo são compostos por mulheres. Aqui no Brasil, os números não são diferentes.
 
De acordo com o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (Conasems), “65% dos seis milhões de profissionais do setor são do sexo feminino: em áreas como Fonoaudiologia, Nutrição e Serviço Social, elas ultrapassam 90% de presença, e 80% em Enfermagem e Psicologia”.
 
Existem inúmeras razões que fazem com que as mulheres sintam de maneira mais intensa os impactos da pandemia da Covid-19, como o crescimento da violência doméstica em decorrência do isolamento.
 
Os números de denúncias em relação à violência contra a mulher aumentaram absurdamente desde 2020, apoiada na Lei Maria da Penha que vigora e protege, especialmente, mulheres que sofrerem qualquer tipo de abuso ou de violência, principalmente por parte de seus parceiros. 
 
Hoje, Maria da Penha (seu nome identificou a Lei), cuja história muitas pessoas não conhecem, coordena uma ONG que auxilia vítimas e trabalha no combate ao problema. Ela escapou de duas tentativas de assassinato e lutou durante terríveis 20 anos para ver seu agressor punido.
 
Vale lembrar que as mulheres não têm papel de protagonistas apenas no enfrentamento da pandemia do coronavírus, mas, no decorrer da história, há vários nomes que são motivos de representatividade. Por exemplo, a compositora Chiquinha Gonzaga – seu conhecido hino “Abre alas que eu quero passar”, famosa marchinha de Carnaval, até hoje é cantado por inúmeros brasileiros. 
 
Ainda temos a Irmã Dulce, beatificada em 2010 pelo Papa Bento XVI e que também chegou a ser indicada ao Prêmio Nobel da Paz. Ela participou da criação de um albergue para doentes e procurou amparar os mais pobres. 
 
Recentemente, tivemos a triste notícia do falecimento da cantora Elza Soares. Com uma história de vida pesada e pobre, ela se mostrou uma mulher extremamente forte e é uma lenda viva da música popular brasileira. 
 
No esporte, não temos somente os melhores jogadores de futebol, mas temos as melhores jogadoras também, como a Marta Vieira da Silva, eleita a melhor jogadora do mundo por 5 anos consecutivos (2006 a 2010). Ela é a maior artilheira da Seleção Brasileira (masculina e feminina) e a maior artilheira da Copa do Mundo de Futebol Feminino. 
 
E para finalizar, porque a lista é imensa, não deixaremos de citar uma atriz extremamente reconhecida e respeitada, Fernanda Montenegro. Ela foi a única mulher brasileira a receber uma indicação ao Oscar e a única artista (dentre homens e mulheres) a ser nomeada em uma categoria de atuação pelo longa “Central Brasil”, em 1999.
 
Fernanda também ganhou o Emmy Internacional como melhor atriz estrangeira por seu papel em “Doce de Mãe”.
 
Enfim, o caminho para o protagonismo da mulher é longo, às vezes reconhecido, às vezes não, mas digo que a mulher não perde a esperança nem a força e vai continuar desbravando batalhas, enfrentando obstáculos, porque, como dizem os versos de Guimarães Rosa, “O correr da vida embrulha tudo, a vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta.
 
O que ela quer da gente é coragem!” E as mulheres? Elas têm coragem e força!
 
Texto publicado nesta FOLHA na edição – de 11/3 – alusiva ao Dia Internacional da Mulher.
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