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Mulheres na política: direito ou dever de participação?

Mariza Paulo Bragança – Auditora fiscal e diretora da Conafill Consultoria, Auditoria e Assessoria Fiscal/Abre Campo

 
Em recente pesquisa feita por esta FOLHA sobre o cenário político da nossa região, apontou-se que apenas 9,5% das vagas no Executivo e Legislativo são compostos por mulheres. No ano de 2020, tive a curiosidade de perguntar a algumas mulheres o motivo de não estarem votando nas mulheres do nosso município de Abre Campo. 
 
As respostas foram curiosas: muitas responderam que as candidatas não vão na casa delas (pergunta: precisa?); outras porque o candidato XY vai tirar poste ou dar emprego para o filho; outras, por causa da ambulância; a candidata “fulana” não tem dinheiro para ficar na política; outras, por causa do marido; e outros absurdos que não pesam ao avaliarem candidatos homens.
 
A verdade é que nas regiões interioranas ainda se discute muita política em botequins, e a maioria das mulheres candidatas não está disponível para frequentar o botequim da esquina ou porque não querem mesmo.
 
Pouco adianta se o histórico daquela mulher foi ajudar o município em trabalhos relevantes e sérios. Isso não conta, porque ainda esperamos encontrar o político falastrão e fanfarrão, e não o político de propostas públicas sérias. 
 
Por isso, homens e mulheres aceitam políticas de embelezamento, de perfume e não exigem políticas desenvolvidas para nossos jovens e adolescentes, para auxiliá-los no primeiro emprego, para auxiliá-los na continuidade de sua educação, políticas que atendam o cidadão com dignidade no SUS ou em qualquer órgão. 
 
Também temos a dura realidade, que venho acompanhando ao longo das campanhas políticas, de que os recursos (financeiros, sociais, parcerias etc.) dos partidos não são distribuídos de forma a chegar nas mãos das mulheres candidatas. E isso é absurdo, porque é fácil resolver essa distribuição, mas quem quer resolver?
 
Enquanto nós, mulheres, continuarmos iludidas com o nosso voto de cabresto, vamos perpetuando os péssimos programas de governo que em nada contribuem com o nosso futuro, o dos nossos filhos, dos nossos parceiros e da família em geral. 
 
Aquele candidato em que votamos por escolhas equivocadas levou à discussão políticas de segurança educacional, segurança sexual, segurança cidadã, entre outras? 
 
Se em 2022 estamos ainda discutindo a luta da mulher, e não a luta da família, é porque nós, mulheres, ainda não nos unimos o suficiente para equilibrar as ações políticas. Somos uma população de 51,8% de mulheres e 48,2% de homens. Mulheres, por que este equilíbrio não está refletido no nosso voto? 
 
É importante esclarecer que não se trata de diminuir o homem e exaltar a mulher. Há homens e mulheres negligentes e há homens e mulheres diligentes. Estamos falando de equilíbrio. 
 
Nós, mulheres, somos capazes de cuidar da casa, criar os filhos, manter uma jornada dupla de trabalho dentro e fora de casa, mas não estamos reservando tempo para refletir o quanto das nossas falas e ações no dia a dia são sexistas e o quanto não pensamos que podemos fazer diferente. 
 
Esse discurso de que somos capazes de fazer muitas coisas ao mesmo tempo é mais uma ilusão que nós, mulheres, aceitamos. Se alguém está fazendo muito, é porque alguém está deixando de fazer a sua parte. Não podemos ser mulheres “egoístas”: temos que distribuir todo o trabalho. 
 
Essa ilusão de que somos capazes de fazer muita coisa ao mesmo tempo e, pior, disfarçada de elogio, é também uma forma de submeter o emocional e o mental feminino, de forma a não parar para refletir sobre suas escolhas, suas necessidades e sobre novos aprendizados.
 
Texto publicado nesta FOLHA na edição – de 11/3 – alusiva ao Dia Internacional da Mulher.
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