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Remanescentes de quilombos em Ponte Nova, Barra Longa e Mariana

A Fundação Palmares homologa títulos para comunidades de Nogueira/Ponte Nova, Volta da Capela, Barretos/ambas em Barra Longa e Campinas/Mariana.
InícioCIDADEO panorama da educação: Ponte Nova no Enem/2022

O panorama da educação: Ponte Nova no Enem/2022

 Dando continuidade às nossas análises sobre a educação no município, trazemos neste artigo dados sobre o desempenho dos alunos de Ponte Nova no Enem 2022, por meio dos dados recém-divulgados pelo Inep. O OPN tem acompanhado, desde o início de suas atividades, a evolução do resultado dos alunos no exame: além de ser o principal passaporte para a universidade, é também um instrumento de avaliação da qualidade do aprendizado dos estudantes.
 
Número de participantes – Em 2022, Ponte Nova contou com 252 candidatos ao Enem, um total de 28 candidatos a mais que em 2021. Apesar da alta em relação ao ano anterior e a 2020, o resultado é inferior aos 334 candidatos de 2019 e aos 388 de 2018, o que representa um indicativo ruim de queda quanto ao número de participantes pontenovenses. Pode-se, a partir deste cenário, especular sobre o impacto da pandemia nos incentivos/motivação dos estudantes quanto ao ingresso no ensino superior, abrindo o debate sobre a descontinuidade causada pela pandemia no processo de aprendizagem. Tal situação aponta, portanto, para a necessidade de melhores diagnósticos escolares e campanhas de conscientização nas escolas quanto à importância da realização do exame e da continuidade dos estudos.
 
Desempenho – Quanto ao resultado dos candidatos pontenovenses no Enem 2022, foi possível observar uma média geral de 588,5 pontos, apenas 5 pontos em média a mais que em 2021 (583,7). Além disso, em uma análise estratificada, evidencia-se a desigualdade de desempenho dos estudantes da rede federal (IFMG), da rede estadual e da rede privada com as respectivas médias: 631,7; 517,5; e 613,9. Observando por disciplina, obtém-se a seguinte comparação anual:
 
 A tabela revela, portanto, uma queda de desempenho nas disciplinas de Ciências da Natureza e Matemática, entre os anos de 2022 e 2021, e um aumento em Linguagens e Redação. Como apontamento, é pertinente, então, observar as possíveis falhas no processo de aprendizado dos estudantes nas referidas matérias, que em muitos casos tendem a ser desestimuladas por preconceitos/dificuldades da própria aprendizagem geral da população.
 
Ainda a pandemia
 
Em 2022, os microdados do Enem foram suplementados com um questionário sobre hábitos de estudo dos candidatos no segundo ano da pandemia, buscando compreender o próprio entendimento dos alunos a respeito das dificuldades enfrentadas naquele período, bem como das práticas de aprendizagem adotadas. Os dados são um importante acúmulo de experiências educacionais e representam um importante material a ser utilizado nas práticas pedagógicas.
 
Percepção sobre o aprendizado – Neste quesito, 89% dos candidatos responderam que houve maior aprendizado no ensino presencial. Este padrão de resposta enseja reflexão sobre os graves prejuízos de aprendizagem causados pelo período – necessário – em que as escolas permaneceram fechadas. Desta forma, ainda é importante o olhar para as chamadas “aprendizagens perdidas”, a fim de que seja reduzido o prejuízo às perspectivas de ensino dos alunos.
 
Práticas de estudo e pesquisa – Com relação à prática de estudo dos alunos no segundo ano da pandemia, destacam-se alguns resultados: i) a maioria (65%) realizou, muitas vezes ou em todas as vezes, resumos dos textos e trechos mais importantes das matérias; ii) a maioria (67,5%) assinalou que poucas vezes obteve aproveitamento das atividades on-line, sem distrações ou desperdício de tempo; iii) a maioria (65,7%) respondeu que treinou redação muitas vezes ou em todas as vezes. Estes resultados são variados e precisam ser analisados de acordo com o perfil do aluno, no entanto alguns aspectos apontam para a dificuldade de adaptação dos estudantes ao modelo remoto.
 
Problemas na rotina de estudos – Quando questionados sobre a rotina de estudos, 78,3% dos alunos relataram que tiveram dificuldades de aprendizado; 62% tiveram dificuldades pela falta de professor para explicação em tempo real; e 48% sentiram medo de não conseguir aprender o conteúdo proposto. Tais respostas reafirmam a dificuldade de implementação do modelo e o possível impacto emocional da pandemia sobre o processo de aprendizagem. 
 
Os dados relatados acima nos ajudam a compreender o panorama da educação em Ponte Nova no ano de 2022, aprofundando os resquícios imediatos dos efeitos da pandemia sobre o processo de aprendizagem. Cabe, aos gestores da educação, aos alunos e às famílias, o desafio de avançar em estratégias de recuperação e redução dos prejuízos causados pelo ensino remoto, a fim de que as próximas gerações de alunos pontenovenses não sejam comprometidas em sua formação. 
 
Lauro Marques Vicari – Economista (UFV) e mestre em Administração Pública (FJP)
Lucas Adriano Silva – Doutorando em Economia Aplicada pela UFV
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