Nessa segunda-feira (31/10), Júlio César Bifano Magalhães Pessoa e Thiago Souza Alves foram presos após se apresentarem na Delegacia de Abre Campo, 26 dias após o Juizado da Comarca abrecampense ter decretado suas prisões preventivas. Ambos foram presos e encaminhados ao Presídio de Abre Campo, estando à disposição da Justiça.
A dupla foi indiciada pela Polícia Civil e denunciada pelo Ministério Público e responde a processo por ser mandante de crimes (ameaça, cárcere privado e formação de quadrilha) cometidos por policiais militares durante o pleito eleitoral na cidade de Matipó.
A Polícia Civil informou, ao Portal Caparaó, que, além de apurar os fatos, efetuou operações para procurar os foragidos, bem como para prender outro homem cotado como mandante. As circunstâncias da atuação do grupo ainda são mantidas em sigilo.
A operação – coordenada pela Delegacia Regional de Polícia de Manhuaçu – apurou a participação de três policiais militares de Belo Horizonte e de pelo menos três pessoas de Matipó.
Desde 28/9, as diligências contaram com dezenas de policiais civis de Manhuaçu, Abre Campo e Matipó. O caso mobilizou a Polícia porque, naquela data, três cabos da Polícia Militar foram detidos, sendo suspeitos de envolvimento em crime eleitoral na cidade de Matipó. Eles estavam num veículo Renault Duster com placa adulterada (o n° 3 foi mudado para 8 com uso de fita isolante). Inicialmente, o trio – que portava “armas particulares, e não da PM – disse que estava a serviço do Ministério Público apurando crimes eleitorais. Não se confirmou, porém, a designação deles para tais apurações.
Testemunhas disseram que os três militares realizavam abordagens a eleitores no morro do bairro Boa Vista. Um candidato a vereador queixou-se de que foi ameaçado pelo trio. Por envolver militares, foi aberto inquérito na Justiça Militar, além de outro civil, coordenado pela 6ª Delegacia Regional de Manhuaçu.
Durante as investigações, apuraram-se vários contatos entre os militares e pessoas influentes de Matipó. “Constatou-se que eles estiveram em Matipó por diversas vezes antes das eleições e sempre com um veículo diferente. Sempre em carros alugados”, declarou o delegado Felipe Ornelas.
Em Matipó, houve ainda a prisão imediata de Gustavo Mendes Ludgero Alves, ficando Júlio César e Tiago na condição de foragidos. “Apreendemos diversos objetos e aparelhos, que serão periciados, e outras pessoas também poderão ser ouvidas”, ressaltou na época o delegado.
A atuação dos três militares levantou a discussão sobre os motivos das ameaças a eleitores e candidatos. “Quanto à conotação política, eu ainda não posso afirmar que este seja o motivo do crime, mas posso afirmar que um candidato foi mantido em cárcere privado e eleitores foram coagidos, como consta nos autos”, finalizou o delegado.