“A questão é tão urgente que nós já temos estudos no mundo que apontam que a cada 36 crianças nascidas uma tem autismo”. Esse foi um dos destaques da fala do psicólogo Fabrício Castro da Silva (foto) na Tribuna Livre de 5/9, ao falar perante os vereadores de Ponte Nova.
Fabrício é ex-conselheiro tutelar e disse que a ida à Tribuna Livre deveu-se aos a pedidos de famílias que têm pessoas com alguma deficiência oculta. Ele próprio integra o coletivo do Projeto de Famílias Atípicas de Ponte Nova.
Refletindo sobre o Transtorno do Espectro Autista/TEA, o psicólogo afirmou que o TEA está cada vez mais presente na sociedade e esta precisa aprender a lidar com tal situação.
Disse ele: “É preciso entender que o autismo não é uma barreira intransponível, mas uma condição que requer adaptações e apoio especializado e, principalmente, acesso a terapias adequadas.”
Segundo Fabrício, há dificuldade de oferta de políticas públicas e terapias essenciais, como fonoaudiologia, terapia ocupacional, psicologia e fisioterapia: "Isso prejudica o desenvolvimento, principalmente das crianças que necessitam dessas intervenções nos primeiros anos de vida."
Afirmou Fabrício: "Cada dia sem tratamento é um dia a menos de progresso” Ele sublinhou que via de regra as famílias também não têm suporte, redes de apoio ou serviços de orientação adequados para lidarem com as situações. Isso gera desgaste emocional e psicológico imenso."
Continuou ele: " Precisamos de políticas públicas que garantam não apenas a presença de terapeutas, mas também a criação de centros especializados, onde crianças com autismo e outras deficiências possam receber o atendimento sem que suas famílias enfrentem longas filas de espera.”
O psicólogo se referiu ainda a deficiências ocultas e ao cenário da educação. Ele cobrou pela efetiva presença do professor de apoio nas salas de aula para dar suporte aos alunos que têm essa necessidade: “O grande desafio é garantir que esses profissionais possuam, além de formação adequada e suporte psicológico, uma prática efetiva e continuada para lidar com situações dentro e fora da sala de aula.”
Enfatiza Fabrício: "Não existe inclusão nas escolas de Ponte Nova, mas apenas inserção, que é pegar a criança e colocar no ambiente escolar, sob olhar do professor de apoio. E quando tem o professor de apoio, acham que resolveu tudo. Mas faltam sensibilização e conscientização, inclusive em todos os setores da nossa sociedade."
Os vereadores ressaltaram a necessidade de construir soluções para superar os desafios. Os parlamentares também destacaram que essa temática deve estar sempre em pauta para que possam viabilizar recursos e novas políticas públicas. Por fim, cobraram por melhorias no Centro de Atendimento Educacional Especializado/Caedes.
Em tempo – O depoimento de Fabrício transcorreu dias antes do Fórum sobre os Desafios da Equidade no TEA, aberto pela Secretaria Municipal de Educação na noite dessa segunda-feira (9/9). Leia aqui.
Em data recente, esta FOLHA revelou (leia aqui) que a Rede Municipal de Ensino tem 163 alunos com diagnóstico de TEA e 78 professores de apoio.