Após um ano e sete meses depois do rompimento da Barragem de Fundão, em Mariana, ainda não há plano de recuperação das áreas atingidas. A matéria foi publicada no Portal G1 nessa segunda-feira (26/6), com foto de Wagner Santos/G1.
Os planos de mitigação do dano – apresentados pela Samarco – não foram, até agora, aprovados pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis/Ibama. Com isso, a população afetada pelo maior desastre ambiental do Brasil ainda sofre as consequências.
Em Barra Longa, uma das cidades atingidas, a praça foi reconstruída, mas a lama só mudou de lugar. O rejeito foi retirado de vários pontos e levado para o Parque de Exposições. São cerca de 30 mil m³ de rejeitos.
O material começou a ser reaproveitado em obras no Parque e no Campo de Futebol, mas o trabalho está atrasado. “Foi identificado um bolsão de areia que impossibilitava a compactação e a segurança desse campo de futebol. Foi então preciso retirar todo o rejeito que tinha sido ali colocado”, afirmou ao Portal G1 o superintendente do Ibama em Minas, Marcelo Belizário.
Desde o ano passado, a Samarco vem apresentando planos de recuperação aos órgãos ambientais. O mais recente, elaborado – para controle dos rejeitos – pela Fundação Renova, responsável pela recuperação ambiental, também não foi aprovado e precisará de mudanças.
“A Fundação Renova vai avaliar todas as considerações (…). Tão logo seja aprovado o plano de manejo, a gente já tem condições de iniciar o trabalho”, garantiu a líder socioambiental da Fundação Renova, Juliana Bedoya.
Dos 43 milhões de m³ de lama que desceram da barragem, mais de 20 milhões ainda estão espalhados entre Mariana e a Usina Hidrelétrica de Candonga, em Rio Doce, que fica a 100 quilômetros, e continuam poluindo o rio Doce e seus afluentes.
Uma das ações reprovadas foi o plantio de gramíneas nas margens dos rios, porque foi colocada uma tela e o plantio foi feito sem a retirada do rejeito. Por isso, o Ibama não reconhece o trabalho como recuperação ambiental.
“O plano abrange a questão de reabilitação de todas as áreas. Pelo menos voltar ao que era antes: então uma área de floresta voltar a ser floresta, uma área de agricultura voltar a ser área de agricultura, no mínimo com aquela fertilidade que tinha antes", disse Belizário.
Das 23 multas aplicadas pelo Ibama, nenhuma foi paga até agora. A Samarco recorreu, e elas estão sendo analisadas. Das 38 aplicadas pelo Governo de Minas, só uma, no valor de R$ 127 milhões, está sendo paga (em 60 parcelas).
Em nota, a Samarco disse que “reafirma seu compromisso de cumprir com todos os programas de reparação, mitigação e compensação assumidos no Termo de Transação de Ajustamento de Conduta (TTAC), firmado em março de 2016, com os Governos Federal, de Minas Gerais e do Espírito Santo”. Sobre as multas, a empresa informou que “há aspectos técnicos e jurídicos nas decisões que precisam ser reavaliados”.
Também por nota, a Fundação Renova, que foi criada após o desastre para cuidar de ações de recuperação, disse que um plano de manejo foi aprovado pelo Ibama com ressalvas e que as alterações já estão sendo providenciadas.