Nessa segunda-feira (20/6), deputados da Comissão Extraordinária das Barragens, da Assembleia Legislativa, entre eles o sub-relator, deputado estadual Thiago Cota/PMDB, estiveram em Mina de Germano, Bento Rodrigues e vale do rio Gualaxo, entre Paracatu de Baixo/Mariana e Barra Longa, para reunir e apurar informes a fim de divulgar o relatório final em 30/6, a ser votado em 7/7 pela Comissão.
Espera-se, ainda para amanhã, quinta-feira (23/6), audiência pública com representantes dos órgãos oficiais encarregados das investigações do desastre ambiental.
Na pauta, os deputados informaram-se sobre a iniciativa da Samarco para o próximo dia 26/6, num processo de demissão voluntária/PDV que tem prazo até julho, cuja meta é reduzir 1,2 mil trabalhadores (atualmente são cerca de 3 mil).
A Samarco registra que, se autorizada a retomar as atividades – onde há pedido oficial para retomar 60% da produção da mina, mudando a destinação do rejeito produzido -, "os trabalhadores demitidos terão prioridade na recontratação". Com a volta das atividades, a empresa despejará os rejeitos na cava de Alegria Sul, que fica a noroeste de sua sede, na Bacia do Rio Piracicaba, em lado oposto às atuais barragens de rejeito.
Segundo nota da assessoria do deputado Thiago Cota, durante a visita, os deputados perceberam que a água que escorre do Dique S-3 construído pela mineradora Samarco é "limpa, sem sinal visível de resíduo mineral". Há alerta, contudo, para o período com chuvas, podendo "extrapolar a capacidade de contenção deste novo dique". Eles ainda verificaram que, mesmo com a operação deste dique, as águas do rio Gualaxo continuam poluídas.
A nota também esclarece que a Samarco afirma que a poluição do rio Gualaxo se dá porque há muito rejeito acumulado na calha do rio e em suas margens e, para impedir que este rejeito continue a escorrer para os rios do Carmo e Doce, a empresa pretende construir diques suplementares ao longo do rio Gualaxo. Estes projetos ainda estão sem prazo ou locais definidos".
A mineradora também "garante" que não há mais vazamentos da Barragem de Santarém, logo abaixo do complexo da Mina Germano, onde se reforçam os diques Sela, Selinha e Tulipa (tendo o Tulipa fator de segurança de "1,47", abaixo do ideal, que é de "1,5"), com novo dique estando em construção no local, 12 metros mais alto que o atual, com o objetivo de aumentar a capacidade de contenção da barragem de 2,1 milhões para 2,9 milhões de metros cúbicos. Além disso, constroem-se novo dique na Barragem de Fundão, denominado "Eixo 1", com a conclusão estando prevista para novembro, e "alteamento", ou elevação do Dique S-3, para impedir que ele seja assoreado neste ano. Sobre o fato, o gerente Reuber Koury disse o seguinte: "Se não fizermos nada, podemos ter este lago assoreado no próximo período chuvoso". O lago garante a contenção da lama atualmente. O ideal, no entanto, segundo a própria Direção da Samarco, seria a construção de dique suplementar em Bento Rodrigues. Prevê-se também construção de novo dique, chamado "S-4", a fim de "impedir novo vazamento de suas barragens de rejeitos".
A nota diz o seguinte: "A Samarco aposta na construção de novo dique, chamado S-4, que não alagaria a área onde se erguiam as casas de Bento Rodrigues. O lago, segundo os técnicos da Samarco, poderia chegar até a 10 metros dos restos da Capela São Bento, de 1718, edificação da maior importância histórica do povoado. Inundaria, no entanto, parte de um muro colonial, anexo à Capela, e por isso o projeto enfrenta resistências dos órgãos estaduais que garantem a preservação do patrimônio histórico."