Integrante do Conselho Tutelar de Ponte Nova e do Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente, Leonardo Bruno Mateus Gomes da Silva falou, na Tribuna Livre da Câmara pontenovense, na noite dessa quinta-feira (17/5), sobre o Dia Nacional (18/5*) de Enfrentamento do Abuso e Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes.
Ele atendeu convite do vereador Hermano Luís/PT via Escola do Legislativo. Estudantes das escolas participantes do Parlamento Jovem/PN acompanharam a apresentação de Leonardo.
Leonardo Bruno destacou as diferenças entre o abuso e a exploração sexual. Esta acontece quando se paga para ter sexo com pessoa de idade inferior a 18 anos, destacando ainda a pornografia e o turismo sexual. Já o abuso sexual envolve contato sexual entre criança ou adolescente e um adulto ou pessoa significativamente mais velha e poderosa. As duas situações são crimes de violência sexual.
O conselheiro tutelar ressaltou que, com o objetivo de divulgar para a sociedade civil qual é a melhor maneira de evitar o abuso e a violência sexual contra crianças e jovens, foi criada a campanha “Prevenção: Cuidado de Quem Ama”. O slogan “Faça Bonito – Proteja Nossas Crianças e Adolescentes” convida a sociedade a assumir a responsabilidade de prevenir e enfrentar o problema da violência sexual praticada contra crianças e adolescentes no Brasil.
Desde 2009, utiliza-se como símbolo uma flor, como lembrança dos desenhos da primeira infância, além de associar a fragilidade de uma flor com a de uma criança. O desenho também tem como objetivo proporcionar maior proximidade e identificação junto à sociedade com a causa.
Leonardo Bruno destacou que são necessários: trabalho informativo junto aos pais e responsáveis; sensibilização da população em geral e dos profissionais das áreas de educação, saúde e jurídica, com identificação de crianças e adolescentes em situação de risco; e acompanhamento da vítima e do agressor. A maioria dos casos aponta para pessoas da própria família ou próximas à vítima.
Em Ponte Nova, o conselheiro tutelar sublinhou que, no momento, há 16 denúncias registradas e vários casos em apuração.
Os vereadores discursaram reforçando a importância das denúncias, de um amplo diálogo com as crianças e jovens, da participação ativa dos pais e responsáveis na vida dos filhos, da constante supervisão e acompanhamento das redes sociais utilizadas por eles e da punição aos agressores.
No caso de suspeita de abuso ou exploração sexual infantil, as denúncias podem ser feitas diretamente no Conselho Tutelar (em nossa cidade, na av. Caetano Marinho, no Centro Histórico), nas Polícias Civil, Militar e Federal ou pelo "Fone 100", um Disque-Denúncia criado pela Secretaria Nacional de Direitos Humanos, com garantia de anonimato do denunciante.
Sinais de abuso
Leonardo Bruno deu as seguintes dicas para pais e responsáveis se atentarem para sinais de abuso de seus filhos:
*O primeiro sinal é uma possível mudança no padrão de comportamento da criança, como alterações de humor entre retraimento e extroversão, agressividade repentina, vergonha excessiva, medo ou pânico. Esta alteração costuma ocorrer de maneira imediata e inesperada. Em algumas situações, a mudança de comportamento é em relação a uma pessoa ou a uma atividade específicas.
*A violência costuma ser praticada por pessoas da família ou próximas da família na maioria dos casos. O abusador muitas vezes manipula emocionalmente a criança, que não percebe estar sendo vítima e, com isso, costuma ganhar a sua confiança fazendo com que ela se cale.
* É importante observar as características de relacionamento social da criança. Se o jovem voltar a ter comportamentos infantis, os quais já havia abandonado anteriormente, é um indicativo de que algo esteja errado.
* Para manter a vítima em silêncio, o abusador costuma fazer ameaças de violência física e mental, além de chantagens. É normal também que usem presentes, dinheiro ou outro tipo de material para construir uma boa relação com a vítima. É essencial explicar à criança que nenhum adulto ou criança mais velha deve manter segredos com ela que não possam ser compartilhados com pessoas de confiança, como o pai e a mãe, por exemplo.
Em tempo – A data de 18/5 não foi escolhida aleatoriamente: ela dá visibilidade a um crime bárbaro que chocou o Brasil em 1973, quando a menina Araceli Cabrera Sanches, 8 anos, foi sequestrada, drogada, espancada, estuprada e morta, em Vitória/ES, por membros de uma tradicional família capixaba. O crime ficou impune.