Rogério Cezar Pereira Gomes

As três principais famílias em epígrafe são, entre outras, fundadoras de Minas Gerais.
Essa afirmação genealógica se baseia em trabalho de referência do notável pesquisador Cônego Raymundo Trindade (“Velhos Troncos Mineiros”, Volume 1, Empresa Gráfica da “Revista dos Tribunais Ltda.”, São Paulo, 1955).
Seus patriarcas são os jovens portugueses Francisco Gomes Pinheiro, Bernardo de Magalhães e João Pedro Cota, fixados em Mariana, nos primórdios do século XVIII (op. cit., pp. 296 a 317, pp. 361 a 371 e pp. 249 a 262).
Numerosos descendentes dos dois primeiros pioneiros constituíram os Gomes de Magalhães (op. cit., pp. 301, 307, 308 , 311 363).
Registro o casamento dos remotos parentes José Cesar de Oliveira Gomes e Cecília Gomes de Magalhães, respectivamente, tetraneto de Francisco e tetraneta de Bernardo (op. cit., pp. 301 e 258). Mais ainda. A mãe da falante Cecília – Antônia Blandina Cota – era bisneta de João Pedro Cota (op. cit., p. 363).
Meu avô, José Cesar de Oliveira Gomes, estudou no Colégio Nossa Senhora Mãe dos Homens, o legendário Caraça. Da época, guardo uma foto dele. Um moço sério de, aproximadamente, 20 anos, com os austeros paramentos caracianos de outrora.
Minha avó, Cecília Gomes de Magalhães, formou-se no célebre Colégio Providência, de Mariana. Aliás, ela merecidamente se considerava instruída e culta.
A queda da Monarquia (1889), a transferência da Capital de Minas para Belo Horizonte (1897) e a Revolução de 1930 se somaram e, em larga medida, explicaram a pobreza e o isolamento de Ouro Preto, no período de 60 anos (1897 – 1957).
Neste trágico contexto histórico, meus avós paternos conheceram de perto o ostracismo e a decadência.
O filho único do casal, nascido em 1921, chamou-se José César de Magalhães Gomes e, a rigor, Gomes de Magalhães era a ordem correta. Parecendo-lhe muito extenso, com um primo de Ponte Nova-MG exatamente com o mesmo nome, abstraiu da rica linhagem e suprimiu o termo “de Magalhães”.
Em 11/03/1939, o último representante do ramo familiar focalizado chegou à referida cidade, aos 18 anos, sem dinheiro nem bens, sob o pesado dever de tratar dos pais com idade provecta.
O talento natural e o esforço pessoal se conjugaram sistematicamente ao longo de 50 anos e daí sua alta posição na sociedade ouro-pretana do século XX.
Trabalhador rural, balconista, padeiro, vendedor de biscoitos e doces, garçom, fabricante, por exemplo, do guaraná Maracanã, professor, empresário, presidente da Associação Comercial e Agropecuária (1957-1967), fundador e primeiro presidente do Lions Clube de Ouro Preto, cofundador também do clube de pescaria denominado “Os Falcões”, orador, cronista, ator de teatro, poeta e vereador (1963-1966).
Em 19/08/1995, a matriarca contemporânea da família, a veneranda Maria Gomes de Magalhães, completou 100 anos e, com meu pai, participei do magno evento doméstico.
Em 20/08/1995, ladeada “de 11 filhos, 57 netos, 104 bisnetos e 25 trinetos”, foi reverenciada publicamente no município de Santa Bárbara ( “O Liberal”, Cachoeira do Campo, n. 218, agosto/1995).
Concluindo, José César Gomes, Zé César, foi um grande homem, por graça divina, precisamente no misterioso nascedouro de Minas Gerais.