A exuberância dos ipês-rosa deixa Ponte Nova mais bonita neste inverno. As árvores se destacam, encantando a população e estimulando a criatividade dos fotógrafos e a curiosidade geral. Mas é preciso deter-se, o quanto antes, para apreciar esta beleza, pois as flores duram poucas semanas e vão caindo e colorindo o chão ao redor de cada árvore.
A beleza da planta faz com que ela seja comum nas áreas urbanas, mas o ipê-rosa tem a importante função de ajudar na recomposição das matas ciliares. Ao contrário da maioria das árvores – que florescem na primavera -, o ipê tem um tipo de "estratégia" para florescer e "soltar" as suas sementes em época de vento forte, otimizando, em tese, a fecundação delas numa extensão geográfica mais ampla.
"Ela faz reprodução assexuada e usa das características desta época para terem uma maior fecundação, produzindo mais sementes", explicou na semana passada, no jornal O Tempo, João Renato Stehmann, professor do Departamento de Botânica da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
O ipê, portanto, tem suas flores desabrochadas em dias secos e cinzentos de inverno, e, no mês de agosto, estas árvores anunciam, com o surgimento da nova folhagem, a proximidade da primavera.
Note-se que o ipê sempre chamou a atenção de poetas, escritores e até de políticos. Em 1961, o presidente Jânio Quadros declarou que o ipê-amarelo é a "flor nacional". Uma curiosidade: em tupi-guarani, o nome quer dizer "árvore de casca grossa".
Sofrendo, em tempos idos, a perseguição dos madeireiros (sua madeira era usada na construção de telhados), o ipê sobrevive hoje, pelo seu evidente fim decorativo, na arborização urbana. Em Ponte Nova, eles se evidenciam à beira-rio, com a recuperação das avenidas duramente afetadas pela enchente de 1979.