“Daqui a dois meses vence o contrato com a São Jorge AutoBus. Há possibilidade de se prorrogar o contrato ou editar um outro, de emergência, até se concluir a licitação em 2022.” A declaração na Câmara/Ponte Nova, em 16/9, é de Lucas Maciel Aguiar, diretor do Departamento Municipal de Trânsito/Demutran.
Ele falou durante uma hora perante os integrantes da Comissão de Serviços Públicos Municipais (Suellenn Monteiro/PV, Emerson Carvalho/PTB e Wellerson Mayrink/PSB) e respondeu a perguntas sobre o cenário do transporte coletivo em Ponte Nova.
Conforme Lucas, no próximo contrato de concessão do serviço. “vamos estabelecer sistema de controle de fiscalização e informações em tempo real para o passageiro. Uma central de operação terá software de monitoramento das linhas, da circulação dos ônibus e de seus horários. Haverá um painel com informe dos principais pontos de embarque e desembarque.” Acrescentou ele:
“Há proposta de novo padrão, com mudança de leiaute dos veículos, todos com com wifi livre e parte deles climatizados nas principais linhas e com 100% de acessibilidade. A Idade da frota terá média de 5 anos.”
O diretor do Demutran revelou que, na racionalização do novo sistema de transporte, projetou-se “pequena redução de linhas, itinerários e horários de baixa demanda, reduzindo-se o custo do transporte para que consiga aplicar uma tarifa mais módica”.
Segundo ele, nas linhas urbanas, a previsão é de ônibus a cada 30 minutos e, na linha rural, conforme a demanda. Estuda-se o uso de micro-ônibus em horários e locais de baixa demanda, com “integração com outros moldes de transporte”.
Lucas sintetizou os indicadores a serem avaliados perante a empresa concessionária: valor da tarifa (quanto menor, melhor); pontos de parada com abrigo (quanto mais, melhor); frota com ar-condicionado (são esperados 100%) e, logicamente, quanto maior, melhor.
Aguiar explicou como está a atual frota: 42 veículos com idade média de 9,9 anos (7,2 anos nas linhas urbanas, 10,5 anos nas distritais e 13,4 anos nas rurais). Segundo ele, as linhas em funcionamento “atendem a maior parte da cidade”. Não por acaso, apurou-se, no diagnóstico do Plano de Mobilidade, que os usuários reclamam de veículos sucateados, atrasos na viagem, ônibus em alta velocidade e motoristas despreparados, disse Lucas.
Outras revelações: a média mensal de passageiros/2017 era de 375 mil, sendo 60% nos principais itinerários urbanos (Pacheco, Guarapiranga, Novo Horizonte, São Pedro e Triângulo). Na região rural, a maioria dos passageiros vem de Gentio, Sesmaria, Dioguinho e Vale Azul. Nas linhas distritais, 73% dos passageiros circulam nas linhas Frivap/Ana Florência/Palmeiras, Vau-Açu, Olaria e Pontal.
O diretor do Demutran revelou ainda: “Havia em 2017 média de 77% de passageiros pagando tarifa integral e 23% com transporte gratuito (idosos com mais de 65 anos, pessoas com deficiência e policiais), havendo também estudantes com desconto de 25% na passagem.”
Das passagens inteiras, 46% ainda são pagas em dinheiro e o cartão só é usado por 2,7% dos passageiros, ficando o vale-transporte em 28,3%. Logo, avalia ele, "é necessário incentivar o uso do cartão para facilitar as operações dentro dos ônibus, pois o motorista é atualmente também cobrador e o manuseio do dinheiro atrasa as viagens e gera problemas com duas funções para um cargo só".
Lucas igualmente revelou que o Plano de Mobilidade constatou entre 2017 e 2019 que havia flutuação de 350 mil a 400 mil passageiros/mês. A partir do fim de 2019, com incremento de mototáxi e veículos por aplicativo, houve queda brusca para a média de 50 mil passageiros/mês, havendo hoje recuperação, "mas de forma bem lenta".
"Esta realidade sugere campanha de incentivo ao uso do transporte coletivo, com tarifas reduzidas e qualidade, inclusive para desestimular o transporte individual", como assinala Lucas.
Perguntas
Emerson Carvalho/PTB perguntou sobre o novo valor da tarifa “com valor reduzido”. Segundo Lucas, duas Comissões – a de Licitação Especializada e a de Revisão Tarifária – estudam o assunto para inclusão do fator no novo contrato, "desde que se observe o equilíbrio da planilha de custos".
A pedido de Suellenn/PV, presidente da Comissão, Lucas explicou que os estudos para o novo transporte coletivo tiveram como base o Plano de Mobilidade Urbana de 2018. Houve, segundo ele, revisão de dados nos anos de 2019 a 2021.
Wellerson Mayrink/PSB teme que a cidade fique sem transporte coletivo, caso não se conclua a licitação, já adiada por problemas técnicos. Aguiar é otimista na conclusão do processo, prevendo concessão por 15 anos e prorrogação por outros 15. Segundo ele, já se finalizaram ”o corpo do edital”, a parte técnica, o projeto básico, o programa de exploração, o orçamento dos serviços e o estudo de viabilidade econômico-financeira.
Mayrink defendeu reforço no subsídio da tarifa, ainda mais com a volta dos alunos às aulas presenciais. “Acredito que haja um subsidio para tarifa módica”, explicou Lucas, citando, perante Suellenn, o impacto negativo do transporte alternativo sobre duas e quatro rodas.
Ainda respondendo aos vereadores, Aguiar acenou com a regulamentação do mototáxi, “já em avaliação no [setor] jurídico”. Por outro lado, há irregularidades nos aplicativos, devendo sair decreto regulamentando este serviço.
Lucas ainda vê estímulo ao uso dos ônibus com a implementação do sistema digital de estacionamento rotativo (ainda sem data), o que implicará custos para o transporte por aplicativo.
O diretor do Demutran admitiu falhas na sua relação com a Secretaria de Obras para regular o fluxo de trânsito em função de frentes de trabalho nas vias públicas, mas enfatizou: “Estou alinhando tudo com a minha equipe e mantendo a São Jorge informada.”