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‘Consciente das minhas origens, tenho orgulho da raça!’

Na edição passada desta FOLHA, na coluna O Leitor Escreve, foi publicado texto de Efigênia de Castro da Gama Catarino, presidente do Grupo Afro Ganga Zumba/Ponte Nova. Nesse texto, ela conta a história de criação e a luta da entidade, que comemora neste fevereiro 32 anos. Ela cita também a luta desta FOLHA, que em dezembro igualmente completa 32 anos.

É importante desenvolver o hábito de olhar de maneira atenciosa para os novos atores que estão participando ativamente da construção da cultura de nosso povo. Nesta caminhada, deparamos com um texto de Waldenier Gomes (foto), membro ativo da Pastoral da Juventude e funcionário da Fundação Menino Jesus, exatamente sobre o Ganga Zumba, que ora transcrevemos:

“GangaZumbar… Tamborear… Reconhecer e ser mais consciente das minhas origens, da beleza da cor e sentir mais orgulho da própria raça. O Ganga Zumba me reafirma e me conscientiza de tudo isso e muito mais. A alegria das roupas coloridas – aliás, roupas não, as indumentárias – é parte de uma cultura rica, linda, que ainda não é valorizada como deveria ser, cultura, esta, que não se resume só no vestuário, vai além disso: está na fé, no canto, nos instrumentos, na dança.

Quanta satisfação poder contribuir (um pouco) com algo tão importante na cultura de Ponte Nova. Satisfação em aprender com o Mestre e com as Flores do Quilombo. Um grupo onde seus componentes e fundadores carregam a ancestralidade viva, resiste, insiste e existe em nosso município. Um privilégio para a nossa gente! Cada canto é uma história cantada/contada por tantos e tantas, muito antes da Fundação do Ganga, muito antes da fundação da própria Ponte Nova. Histórias, cantos, influenciados por aqueles e aquelas vindos da Mãe África e que trouxeram no coração uma herança. Muitos foram arrancados de sua pátria, muitos não chegaram aqui, foram jogados no mar, famílias inteiras ao mar, mas, graças aos que resistiram, hoje tantos grupos mantêm viva essa herança. O Grupo Afro Ganga Zumba o faz de maneira bela, resistindo, mesmo sem recursos financeiros, mas com a fé em Nossa Senhora do Rosário e com o acreditar daqueles que participam. Sendo sua maioria mulheres, todas elas mães e avós. Algumas delas são acompanhadas pela neta, garantindo o seguimento de algo tão importante e especial. Quando cantamos, rezamos duas vezes. Quando tocamos, o coração vibra e vibra mais forte quando sentimos a alegria nos olhos das pessoas que assistem às apresentações e se contagiam com o nosso balanço. Estas vibram com o bater dos tambores, vibram com o sorriso, e vibramos com elas, quando em coro se arriscam a cantar junto a nós.

Um desejo do Grupo Ganga Zumba é que a juventude conheça e se encante pelo projeto, tendo a oportunidade de ampliar seu horizonte cultural, em um espaço de entrosamento com aqueles que já têm uma experiência de vida, construindo juntos um diálogo saudável, fortalecendo a geração de ontem e a de hoje e os conscientizando sobre seu papel na sociedade.
Ao contrário do que alguns podem pensar, no Ganga, ninguém está ali com a intenção de ser visto, e sim com a intenção de serviço ao próprio Grupo e à sociedade, mantendo vivo o legado de todos aqueles que muito antes de nós moldaram e influenciaram a cultura brasileira com a culinária, com a dança e com a música. No Ganga ninguém é rico, mas cada um se doa, se entrega, para que o encanto contagie. Todos colocam seu empenho e disposição para aprender, para se motivar e motivar o outro.

Exaltado por instituições de outras cidades, o Ganga Zumba recebe convites para se apresentar em outros municípios. Vez ou outra sem transporte, com tristeza alguns são dispensados. No entanto, com aqueles com os quais o Grupo consegue se deslocar – tamanha é a gratidão, que não cabe no coração e não se importando com a distância -, partimos felizes para os destinos, com a certeza de que é mais uma oportunidade de levar alegria e cultura para outros lugares.

Participar de um Grupo tão expressivo culturalmente e religiosamente falando é enriquecedor! Para mim, ser gangazumbeiro é uma honra. Certo dia, uma pessoa muito querida me disse: “Você já é um gangazumbeiro!” Ainda me faltam palavras quando lembro desse momento. Sei que ainda tenho muito para aprender, mas o sentimento de pertença é um sinal claro do acolhimento que ali encontrei. Confesso que recebi o convite durante algum tempo, mas não me sentia preparado, nem digno, mas respeitaram meu tempo até eu sentir que era a hora de tentar me somar ao grupo. Gratidão ao Mestre e à Rô. Lá, um mestre atento, extrai de cada um o talento, lapida cada um de nós, investe seu conhecimento em cada ser humano que ali participa, e assim cada um se doa.

32 anos de existência e de resistência. Quantos quilômetros percorridos? Quantos encontros e intercâmbios com outros grupos? Quantos cantos entoados? Quantos dialetos cantados? Quantos sorrisos despertados? Quantos corações já se alegraram ao verem as apresentações? Quanto o Ganga Zumba contribuiu na formação humana de quem por lá passou?

Na sede do Ganga, muitos já fizeram aula de dança, reforço escolar, capoeira e até cursinho pré-vestibular, tudo gratuitamente graças aos voluntários. Lá, o espaço é sagrado. Não poderia ser diferente, pois foi doado por dom Luciano, nosso Servo de Deus, já considerado santo por nós, mesmo sem o reconhecimento da Igreja. Esse homem foi um bispo que se doou, que estava sempre a serviço para ajudar o próximo. Nisso, o Ganga também se coloca para servir a sociedade pontenovense, seja com as apresentações, seja com outras atividades oferecidas em suas dependências. Nas condições atuais, sem o merecido apoio, existir é desafiador, mas com a Fé e com o Axé seguimos acreditando em dias melhores que hão de chegar, pois resistir é necessário!”

 

 

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