A coluna Arte & Cultura, de Ademar Figueiredo, traz nesta semana, em nossa edição impressa de 8/4, entrevista com o músico pontenovense Andrei Júnior da Silva.

"Como disse Cazuza lá em 1988, 'O tempo não para'. E não para mesmo! Conheci o jovem músico Andrei Júnior da Silva ao vê-lo em Ponte Nova sempre com seus pais, Ricardo e Andreia, e seu irmão João.
Pelo tempo em que o vejo e pela carinha de jovem do rapaz – e ele é jovem! -, fiquei surpreso com a sua história aos 30 anos de idade.
Andrei é uma pessoa alegre, sonhadora, calma, observadora e muito curiosa, que procura sempre estudar e aprender sobre coisas que chamem a sua atenção. Ele está sempre lendo ou fazendo algum curso, pois perfeccionista que é procura o melhor naquilo que pretende fazer. “Sempre entrego tudo de mim, seja onde for que eu esteja. Amo música – minha paixão maior – e também amo a gastronomia”, nos disse o artista. Confira nosso bate-papo.
Como a música passou a fazer parte da sua vida?
Andrei – A música entrou em minha vida desde muito cedo através do meu pai. Ele foi um dos criadores do grupo 'Desperta Samba' (que depois se tornou o 'Raízes do Samba', um grupo muito conhecido aqui na cidade. Então, desde sempre, estive inserido nesse meio musical, porém sem vontade e aptidão para a música. Minha mãe, Andreia, sempre me levou e a meu irmão para a Igreja Batista e sempre tivemos muito contato com a música por lá.
Me lembro também de sempre andar pelas ruas de nossa cidade e ver o grande e querido mestre Joe Rogério, meu ídolo maior, e sempre pensar que gostaria de ser como ele algum dia. Por volta dos meus 15 anos, depois de muito frequentar a igreja e após algumas conversas com o Marcos Verly e seus pais, Marli e José Ricardo Verly, que na época estavam à frente do trabalho musical da igreja, fui convencido a aprender violão. Eles e meu tio Nilton Barbosa tiveram muita paciência comigo, pois mal conseguia formar os acordes e cantar. Então, era uma missão mais do que impossível para mim. Assim iniciei minha odisseia no meio musical.
Fale um pouco mais sobre sua caminhada.
Andrei – Um belo dia, depois desse trágico e despretensioso início na música, o baixista da igreja se mudou de cidade e mais uma vez fui encorajado por Marcos e seus pais. Então me aventurei a aprender esse magnífico instrumento (que mais tarde se tornaria minha grande paixão musical). Após alguns anos tocando e aprendendo muito com eles, o baixista André foi fundamental em meus estudos e várias vezes me socorreu em dúvidas e me elucidou em caminhos menos obscuros. Eu decidi me aprofundar no contrabaixo.
Como já citei, sou curioso ao extremo e, quando não tenho uma resposta que desejo, vou atrás até me sentir satisfeito comigo mesmo. Aí me mudei para São Paulo. Foi então que me matriculei na Escola de Música e Tecnologia/EM&T, iniciei minhas aulas no Instituto de Baixo e Tecnologia/IB&T e comecei a estudar com o professor Fernando Tavares, um dos mais brilhantes baixistas que já presenciei pessoalmente: ele sabia simplesmente tudo.
Após um tempo na escola, já não estava mais satisfeito com o ritmo com que eu progredia. Decidi sair e estudar com um dos baixistas brasileiros com referência mundial, o grande Chico Willcox (tocou e produziu inúmeros artistas nacionais, escreveu peças para várias orquestras, principalmente de Moscou/Rússia: é um fenômeno da música instrumental).
Foi então que meus horizontes foram transformados e ampliados imensuravelmente e passei alguns anos estudando com ele. Como sou apaixonado por samba, após o Chico, fui atrás de tal conhecimento para que pudesse entregar meu melhor. Aí estudei com o Gabriel Alves, que atualmente é musico da banda do cantor Ferrugem. E assim, pouco a pouco, com muito esforço e muito estudo, minha base musical no contrabaixo foi sendo formada.
Para quem no começo era um desastre, acredito que eu esteja trilhando um belo caminho, mas ainda longe do lugar aonde almejo chegar. Então eu voltei a Ponte Nova, onde pretendo continuar por algum tempo, pois, apesar de ter conhecido algumas cidades e aprendido muita coisa, eu amo nossa terra.
Planos para o futuro?
Andrei – Meu maior objetivo na música é simplesmente tocar as pessoas com minhas notas, com o ritmo, com a mistura de tudo que eu pude aprender até hoje e tudo que eu ainda quero aprender. Eu prezo muito pela liberdade, e no meu ponto de vista ela só vem a nós com o conhecimento. Então continuarei estudando (e acredito que nunca será o suficiente).
Outro objetivo maior é me aventurar no que considero uma das coisas mais desafiadoras na música – a música instrumental (que venho estudando há alguns anos) – e criar meu próprio disco instrumental e quem sabe um quarteto ou quinteto para nos apresentarmos em nossa Ponte Nova e nesse imenso país, quiçá no mundo!
Voltando ao Cazuza, realmente o Andrei 'é o cara' e está construindo sua história e criando suas próprias oportunidades.
Afinal de contas, O tempo não para!"