O ator pontenovense Anderson Dutra (foto), que em Ponte Nova fez parte do elenco da Cia. Teatro de Bolso, acaba de se formar no TU/Teatro Universitário da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Há três anos, ele armou sua tenda em BH em busca de profissionalizar-se na arte do fazer teatral. Conversamos com ele sobre o presente e o futuro. Confira a seguir, a entrevista que ele concedeu a Ademar Figueiredo, da página Arte & Cultura desta FOLHA.
Ademar – Como foi o curso no TU? Durou quanto tempo?
Anderson – O curso dura 3 anos e forma os estudantes para ingressarem na área artística como um profissional completo. Nos dois primeiros anos, passamos por um processo de enriquecimento cultural, no qual aprendemos desde história do teatro e atuação em cordel e máscaras balinesas até teatro do absurdo e do pânico. Já no ano final, nos preparamos para o espetáculo de formação. Durante este período, o de que mais gostei de estudar foi expressão corporal. Pude aprender sobre as diversas maneiras que nosso corpo pode tomar quando incorporamos um personagem, pois emprestamos nosso corpo a ele para torná-lo real. Em todo o curso, aprendemos a lidar com nossos erros e melhorar diante das críticas construtivas, além de nos aceitarmos com todas as nossas características: das boas até as ruins. O curso não nos torna somente bons profissionais, mas excelentes pessoas.
Ademar – A sua experiência na Cia. Teatro de Bolso foi importante na sua formação?
Anderson – A Cia. Teatro de bolso foi o início para que eu me apaixonasse pela atuação. Foi lá que entrei em contato com o palco e aprendi a atuar. Criei uma base a partir disso, e foi, sem dúvida, muito importante para que eu enfrentasse os medos da carreira e os pessoais.
Ademar – Você esteve em cartaz agora em janeiro/2018 no Festival Verão Arte Contemporânea/VAC. Fale sobre tal experiência?
Anderson – Belo Horizonte é uma das cidades brasileiras onde temos grande diversidade teatral. O VAC tem peças muito boas e é bem popular, por isso, ser convidado para participar de algo tão grandioso nos incentiva ainda mais a querer mostrar nosso trabalho. Estivemos com nossas peças de formatura, chamadas “A cerimônia” (foto central inferior) e “Os Negros”, ambas produzidas para formação do Curso da UFMG, e o local escolhido foi o “Galpão Cine Horto”, também muito tradicional. Fazer nossa montagem num local reconhecido como este traz ainda mais realização.
Ademar – Além do trabalho de ator, o que mais você tem feito em BH?
Anderson – Em BH, faço parte de dois grupos teatrais, e um deles viaja pelo Brasil com projetos para estudantes. Além do teatro, dou aulas de Circo e atuo como artista circense em eventos. Sou também modelo/manequim e fotógrafo.
Ademar – Você acabou de se formar no TU. Quais os seus planos daqui para frente?
Anderson – Tenho investido na área fotográfica. A fotografia se tornou uma paixão, e tenho projetos para levá-la a cidades do interior. Estudo também as possibilidades de dirigir espetáculos e ser preparador corporal com base nas corporeidades do circo, além de continuar me aperfeiçoando naquilo que já estudei. Futuramente quero estudar sobre dublagem, pois é um trabalho que sempre tive curiosidade e vontade de aprender.
Ademar – Que dicas você daria para outros jovens pontenovenses que pensam numa carreira artística?
Anderson – A carreira artística é pra quem tem paixão, não para quem quer ganhar fama de uma hora para outra. É mais sobre realização pessoal e profissional do que sobre glamour. Todo mundo pensa que o ator ganha rios de dinheiro e não fica cansado, mas a realidade é outra. O início da carreira é bem complicado e tem muita concorrência desleal. Se você não souber lidar com seus próprios medos, acaba desistindo muito rápido. Um bom artista tem que sempre estudar e se atualizar, aperfeiçoando cada vez mais sua técnica. Uma frase que levo para todos os meus alunos é: “O que você pensa, você cria, o que você sente, você atrai. Aquilo em que você acredita torna-se realidade.” A dica mais preciosa que uma pessoa pode receber é: “Se você ama isto, vá até o fim! Ninguém pode lhe dizer que não é capaz.”