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Cirilo Reis: de Ponte Nova para o rádio carioca

O renomado comunicador concedeu entrevista a Ademar Figueiredo, da página Arte & Cultura desta FOLHA. Confira o depoimento publicado em 16/3 neste Jornal.

Ademar – Cirilo, por gentileza, apresente-se para nossos leitores.

Cirilo Reis  –  Sou Cirilo Reis e, como digo sempre na abertura do meu programa, “um cara ficha limpa de bem com a vida, acreditando na vida, porque, apesar de tudo, o mais importante é viver”. Produzo e apresento o “Musishow” na Rádio Nacional desde outubro de 1980, que agora também está sendo transmitido via Facebook quando faço “ao vivo”. O início desse programa foi para “tapar um buraco” de 19h às 20h30 que existia na programação aos sábados, e o interessante é que o diretor César de Alencar queria que eu só tocasse sucessos do momento, como faziam as outras emissoras, e eu queria algo diferente, para não tocar os mesmos sucessos que a Tupi e a Globo. Pesquisando a gigantesca discoteca da Rádio Nacional na época, me chamou a atenção a quantidade de discos que ninguém tocava mais, como The Fevers, Jerry Adriani e também muitos internacionais, como Little Richard, Chuck Berry, Aretha Franklin etc. Então fui autorizado a tocar essas músicas dividindo com sucessos do momento. Mas a aceitação foi tanta que deixei de lado os sucessos do momento e até hoje, 37 anos depois, só toco músicas que vale a pena ouvir de novo. Hoje toco sucessos dos anos 1960 aos anos 2000.

Ademar – Que lembranças "artísticas" infantis você tem de Ponte Nova?

Cirilo Reis  –  Comecei a frequentar a Rádio Sociedade de Ponte Nova aos 9 ou 10 anos de idade, quando cantava no programa “Clube da Gurizada”, apresentado por Jarbas de Oliveira aos domingos pela manhã. O Arlindo Abreu ainda era operador de som, e eu cantava músicas de Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves etc., pois na época não existia música para crianças. Era um programa de calouros com auditório lotado e tinha gincanas e muitas brincadeiras, cujos participantes ganhavam muitos brindes, como pacotes de macarrão e de pó de café, vidros de Biotônico Fontoura etc. Mais tarde, mudei para um programa também de calouros, apresentado por Jota da Luz aos sábados à noite.

Ademar – Você começou a sua história no rádio em 1969: comente sobre esta experiência até a sua ida para o Rio de Janeiro.

Cirilo Reis  –  Estudava no Colégio Dom Helvécio e, após cantar em colégios e boates em Belo Horizonte, em 1968 voltei para Ponte Nova e um belo dia recebi um telefonema pedindo que eu fosse até a Rádio Sociedade de Ponte Nova. Era o Arlindo Abreu, que, já como diretor, me propôs apresentar o programa sertanejo “Alvorada Cabocla” em 1969. Começava ali a minha carreira como radialista, enriquecida hoje como jornalista e ator. Minha saída de Ponte Nova não foi planejada. O sonoplasta Célio Camilo tinha sido chamado para trabalhar em Leopoldina e insistiu para que eu lhe fizesse companhia, já que estava de férias. Por essas coincidências da vida, um dos donos da Rádio Leopoldina já tinha-me convidado para trabalhar com ele e eu recusei. Ao me ver, ele renovou o convite e, como o meu relacionamento profissional em Ponte Nova não era dos melhores, aceitei. Fiquei quase um ano em Leopoldina. Em Janeiro de 1972, fui para a Rádio Difusora, de São João Nepomuceno, pertencente ao mesmo grupo. Sete meses depois, ou seja, em julho, tive que vir ao Rio de Janeiro, que eu não conhecia, para comprar uma peça para o transmissor. Não perdi tempo e fiz um teste na Rádio Carioca, e na semana seguinte me chamaram.

Ademar – Como foi a sua chegada ao Rio de Janeiro? São muitas histórias: como podemos resumi-las?

Cirilo Reis  –  Cheguei ao Rio de carona com um caminhoneiro, e no início foi muito difícil. A saudade era demais e na época não havia internet e muito menos WhatsApp. Até para dar um telefonema era difícil, mas segurei a barra e após alguns meses entrei para o time de locutores da Rádio Tupi, até janeiro de 1976, quando me transferi para a Rádio Mundial para fazer as férias de Edmo Zarife no programa “Pediu… Tocou… Ganhou”. Alguns meses depois, passei para a Rádio Globo para ler “O Globo no Ar” e “O Seu Redator Chefe”.

Ademar – Você passou pela TV: fale-nos sobre esta experiência.

Cirilo Reis  –  Entrei para a extinta TV Tupi para gravar comerciais e chamadas. Eu era locutor de comerciais “ao vivo” no programa “Almoço com as Estrelas”, comandado por Aerton Perlingeiro, e um dia recebi o chamado de Wilton Franco, que estreara o programa “Aqui & Agora” há poucos dias, e entrei para a equipe que já tinha José Cunha, Wagner Montes, Cristina Rocha etc… Veio o fechamento da TV Tupi, e no SBT o programa mudou o nome para “O Povo na TV”. Era o maior sucesso às tardes. Na TV Globo, fiz algumas gravações e participações em programas como “Os Trapalhões”, na novela “Esperança”, na minissérie “Um Só Coração” e também na Minissérie “Capitu”, sempre com locuções em “off”.

Ademar – Você está há quantos anos na Rádio Nacional? Qual a receita deste sucesso?

Cirilo Reis  –  Estou na Rádio Nacional há 40 anos, sendo 37 produzindo e apresentando o “Musishow”. Acho que a receita de sucesso é você fazer o de que você gosta e fazer com amor e dedicação. Você fazendo o de que gosta, você se sente à vontade, feliz, trabalha se divertindo. Sucesso não é ganhar dinheiro, mas sim viver em paz consigo mesmo e sentir que tudo vale a pena. Meu filho Cirilo Júnior, quando disse que ia fazer vestibular para Jornalismo, tentei demovê-lo dessa ideia de todas as maneiras, mas ele me convenceu dizendo que é o de que ele mais gostava, e hoje graças a Deus é bem conceituado e faz parte da equipe do Jornal Nacional da TV Globo.

Ademar – Você está antenado com a produção musical pontenovense?

Cirilo Reis  –  Sei pouco da música pontenovense. Apesar de pouco sair de casa quando vou a Ponte Nova, conheço alguma coisa, principalmente o trabalho do Arthur Vinih, que é muito bom. Ouvi há pouco tempo um casal, cujos nomes não me lembro agora, também muito bom. E ainda tem o Rogério Theba, que faz show inclusive aqui no Rio. Ponte Nova evoluiu muito na parte artística, principalmente no rádio e nos jornais. Antigamente, o rádio e principalmente os jornais só publicavam notas sociais, aniversários, casamentos etc. Hoje o rádio pontenovense é muito profissional, e os jornais também: mostram as mazelas, o que não está correto e cobram das autoridades. Na minha opinião, a Comunicação foi o setor que mais progrediu em Ponte Nova.

Ademar – Que dica você daria para as pessoas que têm interesse na carreira artística? 

Cirilo Reis  –  Muita gente vê uma atriz de sucesso, ou um jogador de futebol ou ainda uma Giselle Bündchen e quer logo ser atriz, jogador ou modelo. Só que essa pessoa não sabe das dificuldades, da luta que tiveram para chegar a onde estão. A pessoa tem que saber o que quer, focar naquilo, estudar e lutar. Pode acontecer de essa pessoa nunca chegar ao topo, mas, se ela faz aquilo de que gosta, ela sempre estará feliz. Um ator ou atriz se sentem realizados em qualquer palco: pode ser no jardim de Palmeiras ou no estúdio da TV Globo. O verdadeiro artista não escolhe lugar, seja ele cantor ou ator.

Ademar – Aqui em Ponte Nova as pessoas falam de você com muito carinho. Que mensagem gostaria de deixar aos nossos leitores.

Cirilo Reis  –  Agradeço a vocês por este espaço valioso e aos leitores pela paciência, na esperança de ter correspondido às expectativas.

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