Aconteceram, em 18/9 (sexta-feira) e 20/9 (domingo), lives celebrando a Semana da Diversidade LGBTQIA+ de Ponte Nova, com variados shows promovidos pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo, como informa a coluna Arte & Cultura, na edição impressa da nossa FOLHA, editada em 25/9. Entre uma apresentação e outra, foram apresentados depoimentos oportunos e pontuais do psicólogo Felipe Martins Silva, do ator e ativista Lucas Izidório Lacerda e das representantes do Coletivo “Mães pela Liberdade” Keyla Lacerda e Maria Luíza Castro. Pela maior representatividade do evento e a importância do tema tratado, solicitamos um depoimento a Keyla Lacerda. Convidamos todos à leitura e ao compartilhamento da informação:
“O amor de mãe é algo totalmente diferente de qualquer outro sentimento. O amor de mãe quebra barreiras e transborda sensações inimagináveis. O ‘Mães pela Liberdade’ é um coletivo que promove ações em apoio às famílias das comunidades LGBTQIA+. Luta principalmente pelo direito e a liberdade destas pessoas serem quem são. Temos polos com representantes em várias cidades do Triângulo Mineiro.
Este Coletivo é composto por uma Diretoria e estruturado em quatro eixos: Acolhimento, Formação, Política e Comunicação. Estes eixos recebem demandas advindas das famílias e filhos LGBTQIA+ e dão o encaminhamento necessário para o desmembramento destas demandas em ações.
Durante a pandemia, o acolhimento do ‘Mães pela Liberdade’ está sendo feito de forma virtual. Divulgamos nas redes sociais um card informando que os interessados deverão enviar mensagem para o ID do Instagram ou no Messenger do Facebook do ‘Mães pela Liberdade’. Enviamos um link para que a pessoa acolhida possa ser recebida e ouvida com todo o carinho e discrição. Escutar é acolher, informar e ajudar. Queremos tocar muitos corações que precisam se libertar para encontrar a felicidade. Libertar-se de preconceitos e amarras que distanciam pais, filhos e familiares de um modo geral. Me uni ao movimento porque quero, com a minha experiência como mãe de gays e de uma menina trans, aprender, ajudar e trazer esclarecimentos para famílias que estão em sofrimento. A discriminação na família dos LGBTS é a pior homofobia sofrida por essas pessoas. É no convívio familiar que se devem encontrar o amor, o respeito e a confiança. A ajuda dos pais é fundamental para o fortalecimento do(a) filho(a), mas na maioria dos casos a família não o(a) aceita e o(a) trata como se fosse um doente, humilhando, impondo violência física, psicológica e em muitos casos até a expulsão.
Com tudo isso, as pessoas LGBTS sofrem muito, suas autoestimas caem, muitos perdem a vontade e a disposição para a vida e caem em uma tremenda depressão. Sem falar nos que vivem no ‘armário’, presos, sufocados pelo preconceito da família, o que os leva não raramente a cometerem suicídio. Por não quererem decepcionar os pais, preferem ficar dentro do ‘armário’, reprimindo seus corpos ou buscando uma fachada para maquiar para sua família aquilo que não é. É preciso que se tenha outro olhar, que não se trate a homossexualidade como doença ou como ‘descaração’. Nossos filhos enfrentam uma das lutas mais acirradas e violentas para, simplesmente, terem seus direitos básicos assegurados. Ainda que nas últimas décadas o movimento pela diversidade tenha obtido conquistas importantes, é preciso persistir na conscientização da população, principalmente levando em consideração que o Brasil é o país que mais mata LGBTQIA+ em todo o mundo.
Precisamos empoderar a comunidade LGBTQIA+, educar a sociedade e transformar o Brasil em um país realmente inclusivo e sem discriminação.
As estatísticas mostram que a LGBTIFobia no Brasil é um problema real e precisamos combatê-la diuturnamente.
O ‘Mães pela Liberdade’ visa criar e lutar para garantir políticas públicas inclusivas com foco nas interseccionalidades da comunidade LGBTQIA+ em todas as ações, buscando proteger a liberdade e a integridade física e emocional destas pessoas.
Em Ponte Nova, apenas eu e Maria Luíza de Castro somos filiadas a esta ONG e gostaríamos de convidar os pontenovenses a se juntarem a nós nesta luta. ‘Na luta, é preciso entender o corpo como campo de batalha. Este corpo é atravessado pelas estruturas do racismo, do patriarcado, do capitalismo.”