
Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura, contou com a colaboração do ativista Guilherme Belmiro, que enviou o relato a seguir:
“Participar de uma roda de conversa é entender que se aprende muito a partir da escuta. Através dos relatos de pessoas pretas, foi possível aprender com as suas histórias de vida e, com isso, cada vez mais me desconstruir, pois, naturalmente, somos educados a sermos machistas, racistas e homofóbicos.
Durante as falas da Negra Jô/empreendedora de moda, de Manhuaçu, da professora da UFV dra Maria Simone Euclides, do enfermeiro Vinícius Apolinário, da artesã Núbia Oliveira Silva e de Jaime, pude me fortalecer ao me ver neles. E notar que, para quebrar o ciclo de preconceitos, é necessário pensarmos enquanto coletivo, quebrando as barreiras por meio da luta que passa pelo conhecimento dos nossos direitos.
Como foi dito por Vinícius, temos que ocupar os espaços para que a nossa comunidade tenha cada vez mais voz. E falando em ocupar espaços, é representativo ver Maria Simone, uma mulher negra, professora e doutora na Universidade Federal de Viçosa.
Um ponto que me chamou a atenção – e é preocupante – foi a fala de Vinícius onde comenta sobre a Política Nacional de Saúde Integral da População Negra, instituída em 2009 pelo Ministério da Saúde, que infelizmente não é realizada de forma efetiva.
Dados apresentados por ele mostram que a incidência de mioma é maior em mulheres negras, e isso ficou evidente por meio de relatos das próprias participantes da roda de conversa. Então fica o questionamento: quais ações são realizadas para conscientizar as mulheres? Aproveitando o gancho, Jaime nos fez esta provocação:
‘O SUS está preparado para atender mulheres trans? Como o movimento negro tem lidado com transexualidade dentro dos coletivos?’
É interessante pensarmos que uma forma de empoderamento de mulheres e homens negros passa pela cultura. Neste sentido, temos a empreendedora Negra Jô e a artista plástica Núbia, que utilizam da sua arte como ferramenta de afirmação de suas identidades.
E mais significativo é ver que todas essas discussões se deram em território quilombola, onde o Grupo Afro Ganga Zumba efetua uma forma de resgate da cultura africana. Essa manhã de domingo ficará marcada na minha memória como um momento de trocas de conhecimentos e de afeto.”
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