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‘Ela sabe muito bem o que quer e o que não quer, sem se importar com conceitos antiquados ou tabus’

 
Desde 2003, foi inserido no calendário escolar o Dia da Consciência Negra, celebrado nesta sexta-feira (20/11). A ocasião é dedicada à reflexão sobre a inserção do negro na sociedade brasileira. A data foi escolhida por coincidir com o dia atribuído à morte, em 1695, de Zumbi dos Palmares, um dos maiores líderes negros do Brasil que lutaram pela libertação do povo contra o sistema escravista. E, para falar um pouco sobre este assunto, Ademar Figueiredo, da coluna Arte & Cultura, desta FOLHA, entrevistou para a nossa edição impressa  a professora Magda Santos Silva, que reside em São Paulo/SP e trabalha na Rede Municipal de Ensino. 
 
Ademar – Como aconteceu o convite para posar como modelo 'plussize' e mulher negra?
 
 
Magda – Fui convidada como modelo plussize para representar a mulher negra e gorda, empoderada e com muita ousadia.
 
 
Ademar – Como você avalia a presença da mulher negra no mercado da moda?
 
 
Magda – Acho que estas classes sociais sempre foram marginalizadas. Não é um problema atual, pelo contrário. Nossa sociedade é altamente tóxica e  preconceituosa. Hoje em especial, com o uso da redes sociais, é que as denúncias estão sendo vistas e reconhecidas. E projetos de leis sendo discutidos e aprovados. Acredito que os primeiros passos foram dados, mas o caminho é longo e tortuoso. A luta é diária para o reconhecimento e a valorização das pessoas e suas diversidades.
 
 
Ademar – Estamos vivendo um momento especial em nosso país, onde as mulheres, os negros e as pessoas LGBTQIA+ estão sendo desprezadas a olhos vistos. Qual a sua opinião?
 
 
Magda – Os negros representam mais da metade do população do país. A representação de negros no mercado da moda ainda é baixa. Poucos negros estão em lugar de destaque, tendo em vista o tamanho da população negra. Ainda existe o racismo estrutural, onde não se associa o negro ao belo e à riqueza. Ainda acontece resistência em nos aceitar com o cabelo crespo natural, veem nosso corpo como instrumento sensual. Têm acontecido algumas mudanças, até mesmo porque negros consomem e as marcas precisam adequar-se a nós.
 
 
Ademar – Você é professora e estudante de Direito. A advocacia é uma seara delicada para as mulheres, haja vista o caso recente da blogueira Mariana Ferrer. Como você vislumbra a sua futura atuação?
 
 
Magda – Vejo esse caso com repúdio. Acredito que o machismo tem peso até nos tribunais, onde promotores e juízes acham que são imparciais quando na verdade não são. Acredito que deveria haver mais mulheres nas estâncias mais elevadas. Segundo pesquisas e dados do Conselho Nacional de Justiça/CNJ, 100% das presidências das OAB’s são de homens, 8 a cada 10 juízes são homens e a maioria deles, branca. Independentemente de qualquer seara, a mulher deve ser respeitada e valorizada, não importa a sua etnia. Vejo a minha atuação no
Direito priorizando a área criminal, que é meu objetivo. Em relação ao caso Mariana Ferrer, tratando-se de um caso tão íntimo, deveria ter sido preservado e mais estudado pelo nosso Judiciário, haja vista que seria segredo de justiça. Quero atuar respeitando as diferenças religiosas e sociais. E sempre lutar para que estas diferenças sejam diminuídas.
 
 
Ademar – Em 20/11 comemora-se o Dia da Consciência Negra. O que temos a celebrar?
 
 
Magda – No Dia da Consciência Negra, não há o que se comemorar. Tudo o que tem sido feito para tentar igualar a questão racial é uma farsa. Não mexem na estrutura criada para fomentar o racismo no mundo contra os negros. A ciência fundamentou isso, com a teoria de Darwin: “A Teoria da Evolução”. Olharam as plantas que tinham mais resistência e as separaram como fortes. Transferiram isso para os humanos. Os brancos, com a cabeça maior, foram julgados como tendo mais massa encefálica e por isso mais inteligentes. Os negros, com a cabeça pequena, foram escravizados por essa teoria maluca. A ciência é quem assinou isso. E até hoje não tem um estudo voltado pra revisar isso, refazer isso. Acho que a ciência deve um pedido de desculpas ao ser humano negro. Tudo que tem sido feito hoje é uma maquiagem e muito mal feita. O problema existe, a lei não pune e os negros e pobres são mártires todos os dias.
 
 
Ademar – Que recado você gostaria de deixar para os nossos leitores?
 
 
Magda – Acho que uma revolução preta se faz necessária. Uma megaparalisação. Um grande grito dizendo que somos a base, a maioria, que somos quem faz a coisa andar. A saída é termos fontes confiáveis de informações limpas. Envolver-se mais ativamente na nossa política, para decidirmos melhor o rumo do nosso país.
 
 
Nota da coluna – Magda não está para brincadeira e já nos mostrou fotos suas (acima) feitas pelo renomado fotógrafo Bruno Gomes, num story do Instagram da também pontenovense @claudetesantos.collections (loja de roupas especializada em tecidos africanos e moda plussize). A loja foi convidada para vestir os figurinos da próxima minissérie da Globo, escrita, produzida e estrelando somente atores negros. Também já vestiu as cantoras Ludmila, Gabi Amaranto, Maria Rita e algumas rainhas de bateria, entre outros artistas de projeção nacional.
 
Magda nasceu e cresceu em Ponte Nova, mais precisamente no bairro Santo Antônio, e é filha de Maria de Lourdes e José Nicomedes dos Santos (falecidos) e mãe de 3 filhos.
 
Além de professora efetiva da rede municipal paulista na Educação Infantil, é aluna do 5º semestre de Curso de Direito. Segue o Instagram da Magda para quem quiser contatar com ela: @silvasantosmagda.
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