
O texto abaixo consta na coluna Arte & Cultura, de Ademar Figueiredo, em nossa edição impressa desta sexta-feira (4/2).
"Escrever esta coluna me surpreende todas as semanas. Agora conheci o trabalho do Luigi Soares, aluno do Ensino Médio da Escola Estadual São Sebastião, da cidade de Sem Peixe.
Surpresa ainda maior em ver seus desenhos reproduzindo mangás e animes da cultura oriental. Em um passeio pelas redes sociais do artista (@soaresluigi), a gente percebe que a 'brincadeira é séria', pois os traços são fortes e seguros. Vale destacar que os mangás são cheios de detalhes, carregados de emoções e sentimentos, e começaram a ser desenhados no século XI, ainda no período feudal japonês.
O termo mangá foi usado pela primeira vez em 1814, mas somente nos anos de 1920 começou a se popularizar. Muitas vezes, confundimos mangá com anime, mas é muito fácil a distinção.
Anime é a redução de animação: então, animes são filmes, desenhos animados ou séries. Os mangás são apenas os desenhos. Vários desenhistas, porém, desenham momentos dos animes, dai a confusão que fazemos.
Voltando ao Luigi, ele nos disse que sempre gostou de ler histórias em quadrinhos. Começou a desenhar como forma de diversão e foi melhorando pouco a pouco ao longo do tempo. Ele afirma ter um estilo próprio de desenhar:
'Faço e refaço alguns desenhos no meu estilo. Desenhar para mim é uma forma de expressar, conectando a mente às emoções. Gosto muito da cultura oriental, daí o meu interesse por mangás e animes.'
É exatamente isto que percebemos ao ver seus trabalhos. Desenhar mangás e animes exige muita dedicação e estudo, pois o universo ficcional é composto por deuses, monstros e outros personagens, em histórias fantásticas com várias divindades mitológicas.
Ele vem publicando em suas redes sociais os vários estágios dos desenhos e, ao final, a parte de coloração. A força de seus desenhos nos transporta para aquele universo de maneira muito agradável, pois, ao vermos os originais, podemos conferir a fidelidade com que Luigi vem cuidando do seu aprendizado e aperfeiçoamento.
Mesmo com apenas 16 anos, Luigi pretende começar a desenhar por encomenda, o que já está acontecendo, e mais tarde quer profissionalizar-se e trabalhar com mangá ou mesmo com design:
'Adoro mitologia e, sempre que tenho tempo livre, gosto de ver e ler a respeito, como forma de aprender e melhorar os desenhos. Me inspiro nos mangás japoneses com os traços próprios e histórias incríveis. Tenho um sonho de criar um mangá.
A história já está em andamento, e estou começando a criar os personagens e cenários.'
Mãos à obra, Luigi!
A professora Raquel Cristina Nascimento nos mandou o depoimento a seguir: 'Luigi é meu aluno desde o Ensino Fundamental 1 e sempre se destacou por causa do seu raciocínio rápido. Muito tímido, sempre caladinho, excelente aluno, bom menino! Além de tudo que citei, ele desenha divinamente bem. Torço por ele, para que seu talento seja reconhecido e valorizado. Mais do que ninguém quero ver este menino brilhar.'
Conhecer todos estes artistas e cada um com a sua história peculiar só comprova a importância da arte em nossas vidas. Imaginar que um jovem de uma cidade com 2.800 habitantes está ligado na cultura oriental e pensa em se profissionalizar e viver da sua arte é muito bacana e nos faz acreditar em dias melhores. Incrível que os talentos estejam por aí e, muitas vezes, o Poder Público insiste em não ver e não apoiar estas manifestações. A cultura vive!"