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Em BH, debate sobre discriminação de obra literária afro-brasileira

No início deste mês, o jornal “O Tempo”, de Belo Horizonte, informou – em texto da jornalista Laura Maria – que uma publicação da Mazza Edições (da pontenovense Maria Mazzarello Rodrigues), da Capital, está no centro de polêmica sobre discriminação de literatura afro-brasileira.

Trata-se do livro “Omo-Oba: Histórias de Princesas”, da escritora Kiusam de Oliveira, boicotado recentemente pela Biblioteca do Sesi de Volta Redonda/SP, em função de suposto questionamento de pais de alunos em relação ao conteúdo do livro paradidático. Depois da denúncia, o Sesi reviu a decisão, manteve o livro em sua bibliografia escolar e pediu desculpas publicamente.

O boicote ao livro não significa apenas a não circulação da obra, mas também carrega uma forte carga simbólica sobre o ensino da cultura africana nas escolas. É o que indica Mazzarello. “Nós somos formados por três raças, e as crianças precisam saber da cultura de cada uma delas. Este é o papel da escola, e não o de dizer que o livro é coisa do diabo”, diz ela à repórter de O tempo.

Ela ainda argumenta que, quando tipos de publicações como essa são perseguidas, a autoestima de crianças e mulheres negras é afetada. “Nós, mulheres negras, temos a autoestima baixa porque temos que matar um leão por dia para enfrentar o racismo. O que vejo é um retrocesso”, indica.

Na opinião de Mazzarello, “fundamentalistas religiosos carregam muito a mão ao interferirem em questões como a educação”. Ela lembra que lei de 2003 tornou obrigatória disciplina afro-brasileira na grade curricular de escolas públicas e privadas brasileiras, mas na prática, em boa parte dos estabelecimentos de ensino, limita-se a comemorar o Dia Nacional da Consciência Negra (20/11).

Funcionando desde 1971, em Belo Horizonte, a Mazza Edições foi criada depois que Mazzarello percebeu que “as editoras brasileiras davam pouco ou quase nenhum espaço para escritores negros e quase não existiam livros ilustrados para crianças com personagens negros”.

“Sou uma mulher negra. E, quando abri a editora, a minha ficha já tinha caído. Eu tinha captado o problema do racismo no Brasil, que existe desde o período escravocrata”, revela Mazzarello. Entre as áreas de atuação da editora, estão as de antropologia, sociologia, história, educação e literatura brasileira.

 “Omo-Oba: Histórias de Princesas” reconta mitos africanos, como a história de Oiá, Oxum e Iemanjá, por meio de seis princesas. Em postagem em seu perfil no Facebook, Kiusam afirmou que “o livro apresenta seis histórias de rainhas, na figura de princesas, com o objetivo de fortalecer a personalidade de meninas, independentemente de raça/cor, etnia e condições socioeconômicas”.

A postagem – relatada pelo O Tempo – continua destacando que “tais rainhas são nossas ancestrais, uma vez que há comprovações científicas de que África é o berço da humanidade. A forma com que eu as apresento neste livro é sem nenhuma conotação religiosa, mergulhadas que estão na história e nos aspectos da cultura afro-brasileira, através de narrativa com personagens negras cheias de afeto e empoderamento, o que é uma raridade em bibliotecas brasileiras”, declara Kiusam.

Confira aqui entrevista que esta FOLHA fez com Mazzarello.

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