
O entrevistado da coluna Arte e Cultura, de Ademar Figueiredo, na edição desta FOLHA de 23/4, é o guitarrista, violonista, arranjador, produtor musical e professor Mário Augusto Abreu Barbosa, de 32 anos.
Mário Barbosa, como é conhecido, foi influenciado pela música de artistas como: John Frusciante, da Banda Red Hot Chili Peppers; Paul Gilbert, da Mr. Big e Racer X; Ritchie Sambora, ex-Bon Jovi; Nile Rodgers, da Chic; David Gilmor, do Pink Floyd; Robertinho de Recife, do Yahoo; Andy Timmons; Greg Howe; Joe Satriani; Gary Moore; e Tonico & Tinoco.
Sempre inclinado ao Soul, Jazz e Rock, porém não deixando de lado as raízes sertanejas dos avós, também músicos. Talento precoce, entrou na música aos 10 anos, iniciando os estudos de violão com o saudoso professor Manoel Rosa, em 1998.
Aos 12 anos, a pedidos, começou a ensinar violão aos amigos e vizinhos. Devido aos resultados positivos, percebeu que seria uma boa investir em conhecimento e seguir com as aulas no futuro.
Aos 14 anos, ganhou a primeira guitarra e contou com os ensinamentos do conterrâneo Sandro Tolentino. Nessa mesma época, já se tornou profissional acompanhando alguns artistas de Ponte Nova e da região.
Firme no propósito de se aperfeiçoar, após algum tempo, apareceu a oportunidade de estudar em uma instituição conceituada e ingressou no Instituto de Guitarra e Tecnologia/IG&T, em São Paulo, com o professor Joe Moghrabi. Tal Instituto tinha à época a direção pedagógica do professor Mozzart Mello, professor de guitarristas de renome mundial, como Kiko Loureiro, Juninho Afram e Edu Ardanuy. Posteriormente teve aulas com Sidney Carvalho.
Após a passagem pelo referido Instituto, continuou trabalhando em shows com artistas regionais e aulas particulares em Ponte Nova e outras cidades.
Com a pandemia em 2020, viu zerar a demanda de shows e decidiu dedicar-se ao estudo da produção musical e sobre arranjos e outras técnicas de gravação, colocando em prática suas criações em jingles políticos e de instituições privadas. Também trabalhou em arranjos e gravações de canções de artistas da região, como Wiver Silva, Arthur Vinnih e Richelle Silva, entre outros.
Mário ainda é professor da Percepção Musical, onde atua desde 2016, e já trabalha com aulas on-line desde 2014, também promovendo e lecionando em workshops e masterclasses. Mesmo com esta agenda, ele ainda arranja tempo para participar de projetos sociais de musicalização com crianças carentes. Após esta breve (risos) apresentação, vamos à entrevista com Mário.
– Suas referências são guitarristas do cenário mundial. Ao mesmo tempo, você cita “as raízes sertanejas dos avós, também músicos”. Comente.
Mário – A minha infância foi regada à musica dos meus avós, ela sanfoneira e ele violonista. Eu me encantei ao som da música sertaneja-raiz dos dois. Como a minha família é muito musical, tive influência do Rock vindo pela minha mãe, que sempre ouvia Bon Jovi e Toto, entre outros. Na adolescência, descobri o Soul e fui o resultado dessa mistura.
– Você começou seus estudos de violão aos 10 anos, aos 12 já ensinava aos amigos e aos 14 já tocava profissionalmente. Quais seus destaques nesta caminhada?
Mário – Nessa caminhada tive a oportunidade de conhecer e trabalhar com muita gente boa. Entre os principais, estão Liah Soares, Dueto Cantares e a dupla paranaense Rodrigo & Ravel. Mas vejo que meus maiores destaques são meus alunos, que sempre são elogiados.
– Conte como você chegou ao IG&T?
Mário – Na época, foi algo repentino e um tanto assustador pela dimensão que o Instituto tinha no Brasil e pelo nome do fundador, Wander Taffo. Foi uma oportunidade proporcionada por um grande amigo. As opções eram o Conservatório Souza Lima e o IG&T. Devido às dificuldades de o Instituto estar em São Paulo, as idas eram mensais, com aulas com quase 5 horas de duração, que passavam em um piscar de olhos, pois o professor Joe Moghrabi é excelente, o ambiente era leve e eu pude ver e conviver no mesmo ambiente em que estavam muitos dos guitarristas que eu admiro.
– Você já tem experiência com atividades musicais on- line desde 2014. Como tem lidado com a pandemia?
Mário – O sistema on-line tem crescido neste período de pandemia – o alcance de alunos de cidades mais distantes, dentro e fora do Estado, a oportunidade de lançamento de cursos -, mas ainda espero a normalização das aulas presenciais. Neste momento, o essencial é tentar enxergar as oportunidades.
– Você é respeitado não só em Ponte Nova, mas no o Estado. A que você atribui este reconhecimento?
Mário – 95% dos meus trabalhos são executados fora de Ponte Nova, com bandas da região e até mesmo em outros Estados, através de workshops em outras escolas de música e aulas e um e-book vendido em algumas plataformas. Atribuo isto ao esforço e à dedicação ao trabalho. Levo a música a sério, e ela também me leva.
– Fale um pouco de seu trabalho como produtor musical.
Mário – Começou como uma brincadeira por volta de 2006 com as bandas do antigo Hotel Glória, mas só resolvi investir em conhecimento em meados de 2019 e hoje sigo aprendendo todos os dias e trabalhando com alguns artistas da cidade. Uma boa oportunidade foi a época de campanha política, quando pude trabalhar produzindo vários jingles para a cidade e região.
– Na sua opinião, os artistas de Ponte Nova são valorizados e respeitados?
Mário – Não tanto quanto deveriam. Ainda existem muitas coisas a serem acertadas para a melhor valorização dos artistas da cidade: diga-se de passagem, são muitos e a grande maioria, excepcionais.
– Recentemente você foi marcado em postagem do guitarrista americano Paul Gilbert (ex-bandas Racer X e Mr. Big) com o seguinte comentário: “Parabéns pela linda técnica e execução. Este é um dos meus trabalhos mais difíceis. Me sinto tão contente em ver pessoas talentosas como você tocando minhas obras.” Como ocorreu um um elogio como este?
Mário – É comum que eu faça stories no Instagram tocando e divulgando aulas. Nesse dia, postei um vídeo tocando o tema “Scarified – Racer X” e marquei o Instagram do Paul Gilbert. Algumas horas depois, me deparei com a mensagem dele, e foi um susto muito grande, pois realmente não esperava. Um elogio de um guitarrista de renome mundial foi para mim algo indescritível.
– Comente sobre sua participação em projetos sociais.
Mário – Acho de extrema importância separar um tempo para compartilhar conhecimento e experiências com pessoas com menos acesso à cultura e informação. A música tem a capacidade de mudar a percepção, o pensamento e a vida. Durante estes anos, tive oportunidade de trabalhar com a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais/Apae e a Casa-Lar, entre outros.
– Quais seus planos pós-pandemia?
Mário – Apesar de não sabermos quando será o “pós-pandemia”, tenho curso novo para ser lançado ainda neste ano e um projeto instrumental com 12 faixas sendo gravado, com possível lançamento em 2022, onde conto com a participação de outros músicos e amigos.