A escritora pontenovense Maria Auxiliadora Mucci Sant’Anna (Dodora Mucci) lança novo livro às 19h desta sexta-feira (22/3), na sede da OAB/Centro de Ponte Nova. Trata-se de “Grades Físicas, Grades Morais”, no qual reflete sobre fatos que antecederam o triste massacre da Cadeia pontenovense, em agosto de 2007, quando 25 detentos morreram carbonizados.
Ela investiu em pesquisa – inclusive a partir de reportagens desta FOLHA – defendendo que “a tragédia não se repita, nem em Ponte Nova nem no Brasil. Fatos recentes da vida brasileira chocam a opinião pública e a população de todas as camadas sociais, provocando intensos debates. A violência está em todas as partes. Não respeita mais nada. Atinge a todos, indistintamente, provocando sofrimento e dor. Lembro, com o livro, que Ponte Nova enfrentou uma situação assim”.
Ela, que recentemente lançou a segunda edição de "Maycon", num evento beneficente em prol dos Hospitais Arnaldo Gavazza e Nossa Senhora das Dores, anuncia, em trabalho da Editora Pébola, do Rio de Janeiro, “a minha verdade sobre o massacre da Cadeia Pública”, tendo em vista, entre outros fatores, que atuava na assistência aos detentos como voluntária da Pastoral Carcerária, ao lado de integrantes do Conselho da Comunidade.
Na divulgação deste novo livro, Dodora explica:
"Quando fui incentivada a publicar em livro, há sete anos, os fatos que culminaram com a chacina da cadeira pública de minha terra natal, tive a ilusão de que uma semente seria plantada no coração dos homens que fazem a Lei. Sonhei um sonho não realizado e nem o livro naquela época chegou a ser publicado. Hoje ainda sonho que as grades de ferro possam ser substituídas pela força do trabalho, que as crianças e os jovens estudem e não sirvam mais de ‘mulas’ a homens desequilibrados, que deixam seus corpos servirem de cavalos desembestados.”
A escritora continua: “Sonho que a Educação seja modelo para a Humanidade e os professores possam dedicar todo o seu tempo a educar e moralizar os alunos sem ter que dividir seu tempo em outras áreas para se alimentar. Sonho com uma política séria, com ética e bom senso; e vou continuar sonhando, sonhando para que não apenas tenhamos um Brasil melhor, mas um Mundo mais feliz, pois neste Planeta a felicidade real é a paz interior, a alegria do dever cumprido, de ser e viver.”
“Dodora não acusa; nos chama à reflexão. Não aponta culpados; indica modos e maneiras que podem ser adotados, de modo a permitir que os detentos sejam, antes de mais nada, tratados como seres humanos em débito com a sociedade. É preciso oferecer-lhes condições de se reabilitarem para participar da vida aqui fora, trabalhando e convivendo dignamente, com um foco diferente dos tratamentos até hoje promovidos em todo o País”, informa texto da Pébola Casa Editorial.