O meio artístico de Ponte Nova ficou de luto nesse sábado (7/4) com o sepultamento de Francisco de Assis Silveira (Chicão), saxofonista e clarinetista de renome regional, cujo corpo foi velado na Capela-Velório do Cemitério do Centro Histórico. Na despedida, apresentação de músicos da Banda Santíssima Trindade, tendo à frente o maestro José Paulo Gomides.
Chicão tinha 90 anos – nasceu em 4/10/1927, em Viçosa -, radicando-se em Ponte Nova no ano de 1965 como funcionário dos Correios. Depois trabalhou no INSS, onde se aposentou. Aqui ele atuou na Banda Sete de Setembro (foi regente por um ano) e esteve entre os fundadores da Banda Santíssima Trindade, em 1979, atuando como maestro por dez anos. Em 2012, lançou dois CDs com clássicos da MPB ao som de sax e clarineta
No YouTube, é possível ver suas interpretações de clássicos nacionais e internacionais, com vídeos publicados em 2015, numa iniciativa de seu filho, Moacir Silveira, da Vídeo Arte Uberaba, o qual identifica o músico como Chico Melodia. Entre os artistas de Ponte Nova e Viçosa, era chamado de Chicão do Sax (ou da Clarineta) ou Chico Marimbondo.
Chicão iniciou-se na música em Viçosa aos 12 anos, frequentando aula de canto e passando imediatamente para o trombone e, depois, para o saxofone e a clarineta. No cenário artístico viçosense, integrou o Grupo de Sopros da UFV (1978), o Conjunto Zé Boia (oficialmente, Grupo Bossa Seis) e a Orquestra de Adson Bicalho.
Na juventude, na condição de 2º sargento, tocou na Banda Marcial da Polícia Militar, em Belo Horizonte, por cerca de 11 anos. Ainda na Capital, atuou em vários grupos de seresta e na orquestra do Extinto Banco Minas. Em Visconde do Rio Branco, tocou na Filarmônica local e com várias companhias de teatro e, por um ano, acompanhou o Circo Teatro Irmãos Bartholo (antes, em BH, tocou nos circos Thyane e Garcia).
Note-se que, deixando a Polícia Militar, Chicão trabalhou nos Correios (por 14 anos) e, quando se aposentou, era funcionário do INSS.
Em meados de 2012, quando lançou os seus dois CDs, Chicão foi entrevistado por Ademar Figueiredo, na coluna Arte & Cultura, desta FOLHA, e contou detalhes de sua trajetória, acrescentando que, chegando a Ponte Nova, recebeu convite de José Vieira Gabriel e Mauro Fonseca para integrar a banda que tocava nas domingueiras da Sede Social da Sociedade Esportiva Primeiro de Maio/Centro.
Quando lançou os CDs, Chicão mantinha sua oficina de conserto de instrumentos musicais e ainda se apresentava no “Regional” de Isolino Cirilo e dava shows no Restaurante do Pontenovense FC e “onde mais houvesse uma boa prosa musical”, como disse ele a Ademar.