O recente lançamento do livro “Retenção do conhecimento no processo de desenvolvimento de sistemas”, do pontenovense Fernando Haddad Zaidan, mereceu entrevista na Coluna Arte & Cultura desta FOLHA. A seguir, a transcrição do depoimento do autor ao colunista Ademar Figueiredo.
“A retenção do conhecimento visa auxiliar as organizações a transformarem o conhecimento em vantagens competitivas por meio da gestão do conhecimento. Neste livro é mostrado como três empresas desenvolvedoras de sistemas retêm o conhecimento dos seus colaboradores.”
Este texto faz parte da apresentação do livro “Retenção do conhecimento no processo de desenvolvimento de sistemas”, recém-lançado pelo pontenovense Fernando Haddad Zaidan e à venda no www.amazon.com.
Fernando tem sólida carreira transdisciplinar de mais de 30 anos na área de Gestão da Tecnologia da Informação. Educador, pesquisador, consultor, palestrante, escritor e produtor de games, Fernando é doutor em Ciência da Informação, mestre em Administração e bacharel em Ciência da Computação e em Análise de Sistemas. Confira o nosso bate-papo com ele.
Como tem sido a aceitação da sua obra?
Este livro é a consolidação das minhas pesquisas no mestrado, que ocorreram a partir de 2007, e de artigos que escrevi. Portanto, já é uma gratificação enorme, pois é a consolidação do conhecimento.
E é este tema – o conhecimento – que é abordado no livro. Mais precisamente, a preocupação recorrente nas empresas com relação à perda do conhecimento dos colaboradores. Imagine alguém que esteja ligado a uma empresa e inesperadamente não tenha mais contato.
Quão valioso pode ser este conhecimento?
Não dá para mensurar. E o que a empresa fez para que o conhecimento desta pessoa não se perca ou se dissipe? Multiplique isto pelo número de pessoas que já passaram por uma determinada organização.
Todos em alguma medida estamos “digitalizados”. Como – a partir de uma vivência de uma cidade interiorana e de pequeno porte – podemos aproveitar e otimizar estas oportunidades?
Sou totalmente adepto do “paperless”, há muito tempo. Levo este preceito comigo, nas empresas e faculdades em que convivo e, claro, com meus alunos. Gosto mais de ler digitalmente do que impresso. No entanto, foi uma exigência desta editora da Alemanha lançar o livro somente em papel. Enfim, ainda não estamos 100% digitais.
Para aproveitar as oportunidades do mundo digital, defendo a construção e o uso de ferramentas de colaboração e de cooperação, onde nós somos a própria mídia. Ferramentas Wikis são exemplos. A Wikipédia é um exemplo de aplicação de tais ferramentas, no âmbito de uma enciclopédia colaborativa. Na perspectiva organizacional, cada empresa pode ter sua própria base de informações e de conhecimentos retidos.
Aqui temos vários exemplos de aplicações
com ferramentas Wikis: https://pt.wikipedia.org/wiki/Lista_de_wikis
Então, que tal criar uma Wiki? Você vai precisar de um profissional de TI para o pontapé inicial: http://pt.wikihow.com/Criar-uma-Wiki
Conhecimento x aprendizado: como podemos usar isto na prática?
Este livro é sobre o conhecimento organizacional, mas o seu nascimento é, indubitavelmente, das pessoas. Na espiral do conhecimento (uma prática que o livro aborda), o conhecimento tácito (que está na mente) é transformado para o explícito (qualquer forma persistida do conhecimento) ou vice-versa. Bem, não existe como fechar o ciclo sem a disseminação e uso do conhecimento. Então, chega o momento das lições aprendidas, do aprendizado, durante a retenção do conhecimento. Finalmente, concretiza-se o que as organizações buscam, ou seja, vantagens competitivas mediante o acúmulo e uso.
Que mensagem você gostaria de deixar para nossos leitores?
Gostaria de deixar uma mensagem com relação à proteção do conhecimento individual: precisamos conscientizar que o conhecimento da humanidade só aumentará se não o protegermos. Portanto, colabore com ações organizacionais que visam à retenção do conhecimento. Você verá que, mais cedo ou mais tarde, vai ganhar muito com isto, pois utilizará o conhecimento de outras pessoas e estas estarão utilizando seu conhecimento. O livro tem uma passagem interessante de uma pessoa que entrevistei: ela disse que só começou a ter tranquilidade quando efetivamente colaborou com a retenção do conhecimento na empresa em que trabalhava. Seus pares deixaram de ligar ou passar mensagens e ela obteve soluções de problemas recorrentes do dia a dia.