Sucederam-se, nesta semana, a partir de várias fontes, reclamações sobre o mau cheiro proveniente dos nossos cursos d’água. Citaram-se o rio Piranga, os ribeirões Vau-Açu, Manso e Oratórios (que passa em Ana Florência) e córregos a céu aberto e canalizados, todos vandalizados pelo crescimento urbano sem planejamento e pela impressionante demora em se efetivar o obrigatório tratamento do esgoto.
As críticas mais imediatas cobram – agora, como em anos recentes, sempre em períodos de estiagem – da Administração Municipal a limpeza geral para remoção – água abaixo – dos dejetos produzidos nas unidades habitacionais e nas empresas/indústrias urbanas/rurais, mas – convenhamos – a tarefa hercúlea não depende só de uma gestão municipal.
A sequência de providências no perímetro urbano resume-se, até agora, à canalização de córregos e a debate – encaminhado a passos lentos – sobre o tratamento dos nossos esgotos. Esta FOLHA contribuiu com a discussão, na última década, expondo o tema em notícias/reportagens sobre a necessidade da Estação/ETE, a qual evidentemente deve ser precedida dos interceptores de esgoto.
De fato, o esgotamento sanitário compreende atividades, infraestrutura e instalações operacionais de coleta, transporte, tratamento e disposição final adequada dos esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lançamento final no meio ambiente.
Lamentavelmente, entretanto, um dos mais esperados passos para “empurrar” o tema – a licença ambiental – esbarrou numa grotesca trama de “copia e cola” no relatório encaminhado, no início do ano passado, à Superintendência Regional de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável/Supram, com sede em Ubá.
Antes da questão do licenciamento, tivemos (e novamente teremos, no devido tempo) o embate sobre a localização da ETE. Não por acaso, os dois assuntos foram parar nos Tribunais e implicam complexas providências administrativo-funcionais, que, entre questões burocráticas e práticas, não avançam na velocidade de que a bacia do nosso rio necessita.
De imediato, só mesmo a esperança na sequência de chuvas nas cabeceiras do Piranga e dos seus afluentes, para uma “lavação” (tomara que venha sem enchentes!), que não pode depender, ano após ano, da providência natural (ou divina, como queiram). Afinal, se as soluções de sustentabilidade avançam a passos lentos, segue vertiginosamente a descarga dos esgotos (domésticos e industriais) em nossa
malha hídrica.