
As apreensões de maconha, cocaína e crack batem recorde. A população carcerária de Ponte Nova é formada, em sua maioria, por reclusos vinculados ao tráfico. Mesmo assim, a venda de tóxicos mantém-se como o principal vetor de violência em Ponte Nova, como também ocorre na maioria dos centros urbanos, tendo, como “cenário paralelo”, roubos, assaltos, assassinatos e tiroteios, todos eles componentes de uma realidade cruel.
A constatação acima só reforça o quanto a degradação social e a brutalidade marcam o submundo dos entorpecentes, num espectro movido pelo desespero dos usuários de droga e pela ganância dos traficantes. Uma faceta desta cena está na página 13 desta edição, com o relato de mais uma tentativa de execução em via pública.
É conveniente reiterar que o negócio do tráfico é invariavelmente mantido por quadrilhas bem armadas e articuladas, que sobrevivem à prisão de um chefe (logo surge outro) e à apreensão de armamentos (é imensurável o volume de armas clandestinas, a despeito do constante noticiário de apreensões).
Aqui, como na grande maioria das cidades, líderes de facções e suas quadrilhas buscam a impunidade ao se abrigarem na periferia, dominando ruas e becos – e até o trânsito -, num contínuo processo de intimidação dos moradores.
Há, entretanto, que se louvar a atuação das Polícias Civil e Militar (que instalou sua sede justamente no bairro São Pedro), bem como as políticas municipais de inclusão. É preciso admitir, contudo, que ainda há muito por fazer, numa cena agravada pelo aumento do consumo de drogas.
E mais: dinheiro gerado pela venda de tóxicos recruta adolescentes para iniciá-los na “escola de ações criminosas”.
Além da indignação pela pomposa imposição da força pela geração do medo e do repúdio à agressividade capaz de manter estas estruturas marginais, valemo-nos da denúncia na divulgação desses confrontos, os quais têm, em Ponte Nova, componentes evidenciados, em anos recentes, pelo enfrentamento de grupos de bairros (vizinhos ou não).
Esta guerra não tem previsão de acabar. Ou tem. Na luta por uma sociedade mais justa, pacífica, lúcida e segura, reivindicam-se outras providências junto com a sistemática atuação pública por melhor qualidade de vida para todos. Uma delas é o debate – sempre adiado – da descriminalização do uso de certas drogas.