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Ilustradora de nossa região presente na Bienal do Livro RJ 2025

Na Bienal do Livro, haverá lançamento da obra “Uma vida bordada em palavras”, ilustrada por Luísa Viveiros, artista radicada em Ponte Nova.
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O ‘suplício’ de Simplício

Por mais paradoxal que possa parecer, dois anos após a tragédia de Fundão, ainda se discute se Ponte Nova foi afetada pelo mar de lama que, descendo pelo rio Gualaxo do Norte, na tarde de 5/11/2015, passou pelo rio do Carmo e chegou ao rio Doce, danificando inclusive a foz deste curso d’água, no trecho capixaba do oceano Atlântico.

Na página 10 desta edição, apresentamos o trauma dos sitiantes da localidade pontenovense de Simplício, que na madrugada de 6/11/2015 depararam com uma “enchente de barro”. O espaço municipal afetado foi pequeno, mas o drama dos agricultores tem o mesmo tamanho – em angústia e revolta – da radical mudança imposta pelo desastre a tantas populações ribeirinhas de MG e do ES.

Por outro lado, prevalece, ainda hoje, a avaliação de que, para recuperar a Bacia do Rio Doce, deve-se dar ênfase especial à revitalização da Sub-Bacia do Rio Piranga, principal afluente do Doce.

Repetimos, portanto, ser paradoxal discutir-se, ainda hoje, se Ponte Nova deve, ou não, ser compensada pelo pacote de dinheiro gerido pela Fundação Renova/vinculada à mineradora Samarco. O quadro só não é pior porque, como informamos nesta edição, devem-se liberar, nos próximos meses, ao menos R$ 15 milhões para financiar o esgotamento sanitário de nosso Município, como importante etapa de limpeza das águas do Piranga.

A propósito, reiteramos que os dois anos da tragédia devem provocar a atualização da análise crítica, alimentando o debate sobre causas e efeitos do desastre  que ceifou poucas vidas, mas mudou – para pior – definitivamente  milhares de destinos.

Neste sentido, entre 3 e 5/11, na Escola Família Agrícola Paulo Freire, em Acaiaca, ocorre seminário com o tema “Bacia do Rio Doce, nossa Casa Comum. Responsabilidade de todos, frente à vida ameaçada”, numa promoção da Comissão de Meio Ambiente da Província Eclesiástica de Mariana.

Já em 5/11, a Arquidiocese marianense agenda missas em locais atingidos, incluindo a das 8h, na localidade barralonguense de Gesteira, e a das 10h, na Igreja Matriz do Centro de Barra Longa, município especialmente castigado pelos rejeitos.

Para concluir, deixamos aqui o depoimento de Graças Domeniguete, sitiante afetada em Ponte Nova: “Já tive muito pesadelo com o barulho que ouvi naquela madrugada. A gente fica aqui, com medo de acontecer de novo.” Se nos permitem o humor, nossa reportagem retrata um pouco do “suplício” (grave punição, dizem os dicionários) de quem mora em Simplício.

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