
A transformação do ambiente escolar, no entanto, em “território da segurança” não é solução estrutural e não impede novos ataques, tendo em vista a sequência de atentados nos Estados Unidos, onde, como informa a imprensa diária, 61,4% das escolas americanas têm equipe própria de prevenção da violência.
Ao abordar o assunto na edição de 14/4 do jornal Valor Econômico, o editor de Política, César Felício, acena para um “cardápio de providências”, considerando que, ao contrário de bancos e aeroportos, alvos de marginais ou terroristas, as escolas – locais de 16 ataques entre 2002 e 2022 só no Brasil – são espaços de formação humana.
“As redes sociais são o fluido em que funciona um ecossistema da radicalização que já está bastante mapeado. Na base de atentados em escolas estão: supremacismo branco, misoginia, antissemitismo, homofobia, xenofobia, neonazismo, obsessão com armas, teorias conspiratórias e imagens de extrema violência”, assinala o jornalista César Felício com um alerta:
“Um atentado serve de gatilho para o outro. Os feitos de um psicopata são exemplos citados por outros e assim por diante. O efeito-contágio é potencialmente maior nos primeiros 13 dias depois dos fatos.”
Falta, segundo o articulista, renovar o instrumental legal – a lei de crimes de ódio no Brasil foi revista algumas vezes, mas é de 1989 – e estabelecer um conjunto de procedimentos de prevenção no meio escolar. “A guerra que está perdida é a da radicalização em si. Independentemente do que acontece na esfera política, de quem ganha ou quem perde uma eleição, o extremismo e a intolerância, todavia, já tomaram de assalto o cotidiano. Só nos resta, então, organizar o enfrentamento”, conclui César Felício.