A economia brasileira perde cerca de R$ 120 bilhões por ano em produtos que poderiam ser reciclados, mas são deixados no lixo. A afirmativa, constante em ampla reportagem do jornal O Tempo de 16/1, veio a calhar depois da reportagem desta FOLHA sobre o descarte de 40 toneladas/dia de lixo pontenovense no Lixão do Sombrio.

Ponte Nova ainda não tem seu Aterro Sanitário e muito menos política sistematizada de reciclagem dos dejetos urbanos, prevalecendo a agressão sistêmica ao meio ambiente.
O “mérito”, todavia, não é só nosso. “Geramos no país quase 80 milhões de toneladas de rejeitos por ano, reciclando apenas 3%”, disse, ao jornal de BH, Paulo Da Pieve, especialista em sustentabilidade e coordenador do Grupo de Resíduos Sólidos da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos/Abimaq.
Em Belo Horizonte, por exemplo, a reciclagem atinge somente 1,5% do lixo gerado, e, se falta disposição municipal – e comunitária – para a coleta seletiva, falta ainda investimento na indústria de reciclagem para que seus custos sejam acessíveis, por exemplo, para os projetos de associações de catadores.
Repórter de “O Tempo”, Ludmila Pizarro cita o exemplo da Alemanha, que, desde 2010, já recicla mais de 50% do seu lixo, com o Governo mantendo subsídios para empresas que utilizem material reciclado. No Brasil, pelo contrário, a tributação encarece o processo, pois “o imposto incide no produto quando ele é matéria-prima e, depois, quando é reciclado”, diz Da Pieve.
A alta dos custos atinge também o papel reciclado, que chega a custar até três vezes mais do que o convencional, como já se informou na Imprensa diária, numa realidade que tem, na outra ponta, o consumidor com pouca consciência da importância ambiental no uso de produtos com material reciclado e, como já dissemos, na coleta seletiva.
Em 2016, ao registrar notícia sobre os lixões municipais de nossa região, esta FOLHA apurou que a Política Nacional de Resíduos Sólidos/PNRS, prevendo o fim de tais depósitos de lixo, tem suas metas seguidamente adiadas por interesses diversos.
De fato, a construção dos aterros sanitários facilita a reciclagem do produto descartado. A lei da PNRS que previa o fim dos lixões até 2015 recebe, porém, emendas no Senado Federal determinando que os municípios – de acordo com o seu tamanho – passam a ter de 2018 a 2021 para se adequarem à legislação.
Ficam o registro e a esperança de que avancem as práticas de sustentabilidade ambiental.