
Completa-se, amanhã (5/11), um ano do rompimento de 40 bilhões de litros de lama na Barragem de Fundão/Mariana, o maior desastre ambiental do país, que afetou 650km de rios e as comunidades de seu entorno, chegando à foz do rio Doce, no Espírito Santo.
A despeito de projetos e esforços público-privados, o rejeito de minério não removido pela mineradora Samarco pode agravar o desastre, especialmente até a barragem da Usina Hidrelétrica de Candonga. O período chuvoso, que já começou, traz risco de a lama retida ser levada pela cheia dos rios Gualaxo e Carmo, impactando o barramento construído para conter água (e não lama).
Esta FOLHA já registrou o assunto junto com informes da Samarco de que atua para minimizar novos danos e na retirada do barro no lago de Candonga. A empresa também diz que tem trabalhado no controle de erosão e – junto com suas sócias (Vale e BHP) – criou a Fundação Renova, que assume o ônus da recuperação, ao custo de valores astronômicos, mas em calendário que desagrada atingidos e autoridades.
Existe ainda a situação especial de Barra Longa, cujo centro urbano foi afetado no dia seguinte da tragédia e recebe dedicação da Samarco pelo “modelo de reconstrução pós-desastre”. Nesse 30/10, concluiu-se a revitalização da praça principal (leia na página 5), entre tantas obras recentes. Dois dias depois, a cidade recebeu a marcha dos atingidos, denunciando diversas pendências, inclusive sobre males provocados pela poeira.
“Barra Longa parece ser a cidade com mais dificuldades. Os moradores ficaram expostos por muito mais tempo à lama e respiram o pó dela há um ano”, afirmou, em reportagem de 27/10, na Folha de São Paulo, Evangelina Vormittag, doutora em Patologia da USP.
Ponte Nova também foi afetada, inclusive territorialmente, e 12 meses após a tragédia atualiza-se a demanda de exigência de se investir no saneamento do rio Piranga para otimizar o crescimento da fauna aquática e contribuir para o repovoamento do rio Doce.
O nosso Município fica ainda no centro do embate jurídico, pois, como esta FOLHA antecipou na semana passada, recente denúncia do Ministério Público Federal contra a mineradora tramitará na Justiça Federal de Ponte Nova.
Esta FOLHA acompanha os fatos e tem dedicado espaço – em diversas ocasiões com exclusividade – para o complexo tema, a ser reavivado em nome dos 19 mortos e da extensa gama de danos impostos à Bacia do Rio Doce.