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Ilustradora de nossa região presente na Bienal do Livro RJ 2025

Na Bienal do Livro, haverá lançamento da obra “Uma vida bordada em palavras”, ilustrada por Luísa Viveiros, artista radicada em Ponte Nova.
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Um basta na violência

Um dia antes do tão im­pactante caso de feminicídio em Guaraciaba (leia na pág. 13), o Fórum/PN viveu mo­mentos inéditos. Como parte do projeto “Ponte para a paz entre as famílias”, grupo de homens processados denun­ciados com base na Lei Maria da Penha ouviu palestra da promotora de Justiça Cyntia Campos, com participação de Antônio Luiz Lanna Neto, Rosane Biazoto Cota e Maria José Soares, estudantes de Direito na Faculdade Dinâ­mica/PN encarregados de mostrar vídeos de violência contra a mulher.

A promotora abordou o tema numa perspectiva de gênero. Foram detalhados os cinco tipos de violência (físi­ca, psicológica, patrimonial, sexual e moral) evidenciados em forma de: agressões, es­tupros, homicídios, abando­no material, ameaça, cons­trangimento ilegal, maus-tra­tos, perturbação do trabalho e do sossego, sequestro, cárcere privado, violação de domicílio, exploração finan­ceira e apropriação de bens e objetos.

“A nossa expectativa é de que vamos ter bons re­sultados, porque vemos os homens participando, in­teressados, emocionados”, afirmou a promotora em informe divulgado pelo Tri­bunal de Justiça, que tam­bém transcreveu declaração do juiz da 2ª Vara Criminal e de Execuções Penais/PN, José Afonso Neto: “Trata-se de tentativa de mudança de cultura do enfrentamento da violência contra a mulher.”

A companheira de um dos agressores falou sobre a repercussão do projeto: “Ele tinha escutado ‘conversa’ de uma mulher e me agrediu a socos num domingo, na praça onde eu passeava com meus filhos.”

Essa vítima acompanha o marido no projeto forense para garantir a participação dele. “Eu acho que isso veio do céu, porque, a partir do primeiro dia em que ele par­ticipou, já chegou em casa dizendo que não podia bater em mulher. Falou que não queria mais voltar para a ca­deia e não queria mais brigar comigo. O relacionamento agora está bem melhor”, comemorou ela.

Otimismo à parte, recor­remos às chocantes estatís­ticas: recente estudo – com dados de 2015 – revelou que, a cada 4min, uma mulher sofre algum tipo de violência em Minas Gerais, e por dia, são 353 agressões, sendo gritante a realidade da sub­notificação das ocorrências.

Desejamos que esse pro­jeto forense seja bem-suce­dido, de forma a minimizar tragédias domésticas – como a de Guaraciaba. A socieda­de clama, sobretudo, por punição exemplar, como forma de combater a sensa­ção de impunidade e atacar frontalmente esta gravís-sima violação contra os di-reitos humanos.

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