A campanha Setembro Amarelo tem a meta anual de debater a prevenção do suicídio. Neste ano, o tema é “A vida é a melhor escolha”.
Segundo a Organização Mundial de Saúde/OMS, 32 pessoas se suicidam por dia no Brasil, ou seja, o suicídio mata mais brasileiros do que a Aids e o câncer. O assunto, no entanto, é envolto em tabus e neste cenário nada mais salutar do que falar sobre o tema.
Significativamente, esta FOLHA divulgou em data recente o duplo socorro para uma mulher: resgatada depois de pular no rio Piranga e fugindo do Hospital de Nossa Senhora das Dores, ela jogou-se diante de ônibus. O motorista, porém, conseguiu pisar no freio e logo surgiram populares chamando policiais militares e bombeiros para encaminhar a cidadã para o devido atendimento.
Um leitor desta FOLHA pediu informações sobre a divulgação e respondemos o seguinte:
“De fato, existe convenção extraoficial sobre a não divulgação de suicídios. Os índices de suicídio, no entanto, se tornam um fenômeno sociológico. Como ignorá-los, se este aumento o caracteriza como tema de interesse social? É dos interesses e fenômenos da sociedade que a Imprensa trata.”
Nosso texto continuava: “O jornalismo, enquanto agente construtor do imaginário coletivo, reflete e suplanta os pensamentos coletivos, como escreveu Carolina Pompeo Grando, em 29/6/2020, no site Observatório da Imprensa. Nossa FOLHA divulga o tema com cautela e recorre aos manuais de alguns jornais.”
Informamos, pois, a posição dos Manuais de Redação de jornais: Folha de São Paulo – “Não omita o suicídio quando ele for a causa da morte de alguém”; O Globo – “O jornal evita noticiar suicídios de desconhecidos, exceto quando o fato tem aspectos fora do comum”; e O Dia – “Publicamos suicídios em situações particulares, pela notoriedade dos envolvidos ou pelo interesse público das razões que levaram ao ato”.
Enfatiza Carolina Pompeo: “As dúvidas da Imprensa dizem respeito a como abordar as fontes, investigar as causas e as circunstâncias de um suicídio e informar sem produzir relato sensacionalista, agressivo, equivocado ou incompleto. Do ponto de vista ético, o jornalismo deve oferecer informações que possibilitem reflexão cada vez mais ampla sobre o tema.”