Músculos bem definidos. Mais do que força: harmonia. Atleta profissional da Federação Internacional de Fisiculturismo e Fitness (IFBB), Flavinha, como é chamada pelos amigos e familiares de Ponte Nova, tem-se destacado em campeonatos nacionais e internacionais nesse esporte ainda pouco conhecido e muito estereotipado.
“- Nossa, mas ela era tão delicada, como isso aconteceu?” Esse tipo de comentário incomodou a família de Flávia, até que seu pai, Flávio Esteve Mendes, e sua mãe, Maria Gisele Carneiro Mendes, assistiram à sua apresentação em Belo Horizonte, presenciando o ambiente-família do esporte.
“Minha maior vitória foi ter meus pais na plateia”, comemora a atleta pontenovense, garantindo que o esporte não apagou sua essência delicada, mas revelando que também foi preconceituosa. Lá em 2017, não gostou quando o namorado da época pretendeu estrear no fisiculturismo.
“Mas a gente paga língua, né?“, disse Flávia, que passou a seguir atletas no Instagram e a treinar: “Comecei a admirar o físico das atletas e me preparar.”
A atleta compete na categoria Bikini, que enfatiza um físico de estética mais delicada, “não pode ter muito volume muscular, tem que ter definição muscular” e a boa forma física.
Para realçar a feminilidade, essa categoria exige o uso de salto alto (“favorece uma postura mais bonita para as poses”), além de maquiagem e cabelos arrumados. Entre os critérios de avaliação estão a proporcionalidade entre as larguras de ombros, cintura e quadris e a presença de palco das atletas (“tem o momento do nosso desfile individual para jogar o charme e flutuar no palco”).
Da sua estreia pra cá, a atleta tem arrebatado títulos: desde campeã overall Mr. Minas, na sua estreia em 2019, até bicampeã mundial Mr. Universe Brasil, em 2022/2023.
No ano passado, foi convidada do Arnold Classic Europe PRO na Espanha e conquistou o top 3 no Sul-Americano no Paraguai, o top 2 no Miss and Mister na Argentina e o top 3 Mr. Universe no Chile.
Isso tudo a atleta tem alcançado, conciliando uma rotina puxada de trabalho como doutora em Bioquímica, de treino na academia, estudo à distância (faz pós-graduação em Bioquímica e Metabolismo Humano e graduação em Nutrição) e docência (ministra aulas de poses).
Flávia vive nos 220 volts. Acorda às quatro da manhã, às cinco vai para a academia, às oito pega o ônibus para chegar ao trabalho às oito e meia, onde fica até as cinco e meia da tarde. Do trabalho sai direto para a academia até as sete.
Após ler um trecho da Bíblia (“o esporte me fez voltar pra minha espiritualidade, ter mais contato com Deus”), dorme às dez da noite. No fim de semana, cuida da casa e prepara as refeições e as aulas da semana.
Tudo isso sem ter um patrocínio à altura da atleta de alto rendimento que é (atenção, empresas de Ponte Nova!). Disposta, disciplinada e focada, Flávia se prepara para quatro competições ao ano, algumas fora do país. Além dos treinos, ela mantém a dieta regulada, com base no plano alimentar definido por seu treinador Jholbest.
Tanta disposição vem da paixão pelo fisiculturismo. O esporte que mostrou na prática o metabolismo humano, visto na teoria pela bioquímica Flávia; e a prática do desenvolvimento físico associado ao mental. “Percebi que eu tinha controle sobre os meus pensamentos.”
Autocontrole, determinação e bom humor. Principalmente, leveza. Flavinha cumpre seus propósitos de forma leve e ainda com tempo para se comunicar com seus 10 mil seguidores no Instagram. Bora seguir essa campeã (draflavinha.bikini)!
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