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PN na Conferência Estadual de Saúde do Trabalhador

À frente do grupo, estavam Maria Cosme Damião e Adão Pedro Vieira, respectivamente presidente e secretário do Conselho Municipal de Saúde.
InícioREGIÃO‘Fazer cassação política anulando o resultado das urnas é golpe!’

‘Fazer cassação política anulando o resultado das urnas é golpe!’

João Carlos Siqueira (foto) é urucaniense, ordenado padre em 8/7/1995. Filiado ao PT, concorreu à Prefeitura de Ouro Branco em 2000 por indicação do Movimento Fé e Política. Não foi eleito, mas em 2002 obteve mandato de deputado estadual (47 mil votos), sendo reeleito em 2006. Em 2010, após decisão da assembleia geral do seu mandato, foi eleito deputado federal com 111.651 votos e obteve a reeleição em 2014. Na Câmara dos Deputados, torna-se membro titular da Comissão de Agricultura, Pecuária, Abastecimento e Desenvolvimento Rural Sustentável e suplente na Comissão de Constituição e Justiça. Atuou como membro titular na Comissão de Seguridade Social e Família e na de Minas e Energia.

Nesse 16/3, seu nome foi incluído na relação dos parlamentares petistas que integram a Comissão que vai analisar a possível abertura de processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff/PT. A Comissão vai notificar a presidente sobre o processo, e ela tem prazo de dez sessões ordinárias da Casa para apresentar sua defesa. Padre João antecipa o seu voto na nota divulgada em seu site: “Não existem motivos ou crimes contra a presidenta. O que está em jogo, mais uma vez, é a tentativa de golpe. Mas vamos derrotar o golpe e as forças conservadores também nas ruas. O Brasil quer paz e precisa caminhar.”

Nesta semana ele respondeu, por e-mail, às seguintes perguntas desta FOLHA:

 

FOLHA – Qual é a explicação para esta maciça campanha contra o PT e o Governo Federal?

Padre João – Até hoje a oposição não digeriu o resultado das eleições. Querem ganhar no tapetão. Depois de um ano e seis meses do pleito, a pauta deles é somente o golpe. Ficam caçando motivos dia e noite para derrubar o governo. Querem paralisar o governo. Declararam guerra ao Partido dos Trabalhadores. Querem destruir o partido. Com a possibilidade de Lula vir em 2018, entraram em desespero, numa onda do vale-tudo. Por trás do combate à corrupção, tramam e operam o golpe, que vem desestabilizando o país com atos de intolerância, violência e ódio. A democracia conquistada a duras penas está sob ameaça, com flagrante desrespeito à Constituição, às leis e ao estado democrático de direito. É lamentável o que vem ocorrendo no país.

FOLHA – Como o senhor identifica interesses dos setores que se articulam nesta campanha?

Padre João – Vivemos uma crise política e econômica. O processo político foi contaminado pelo poder econômico. Sempre defendi o financiamento público de campanha. O interesse que está posto neste momento é retomar o poder a qualquer custo. Temos um Congresso eleito pelo povo, mas financiado e a serviço das grandes empresas, sobretudo multinacionais. Este Congresso Nacional é o mais conservador de nossa história. Em nome de uma crise, crise que foi criada, retiram-se direitos e aprovam-se leis de um estado policialesco e de entreguismo, como aconteceu com o pré-sal e a Petrobras. A elite não admite os avanços que tivemos nos últimos anos no Governo do PT. A tática é mesma: atacar o Governo, o PT e Lula como corruptos. O bode expiatório. E tem grandes aliados nesta tarefa: os meios de comunicação, sobretudo a Rede Globo, setores do Judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal e agora entram no jogo os financiadores, como Fiesp e outros. Então, há um interesse da elite brasileira em manter seu status, com apoio de corporações internacionais, coadjuvado por alguns membros de nossas instituições, infelizmente.

FOLHA – A seu ver, por que não cabe o impeachment da presidente Dilma?

Padre João – Não cabe impeachment porque não existem crimes imputados contra Dilma. Eles estão apelando para as tais pedaladas fiscais, mas isto todos os governos usaram e usam, inclusive os governadores dos Estados. O que é a pedalada? É quando um banco público, como, por exemplo, a Caixa Econômica paga benefícios, como o Bolsa Família, sem o Governo ter feito ainda o depósito. Depois o Governo deposita, quita o valor e paga um juro. Pode acontecer o inverso, o dinheiro do Governo excede os pagamentos, aí o banco é quem paga o juro para o Governo. A pedalada foi usada para manter o cronograma de pagamento dos programas sociais em dia. Só isto, e mais nada. Outro argumento usado para o impeachment é a edição de seis decretos em 2015 de suplementação orçamentária, sem autorização do Congresso. Este procedimento é previsto na legislação, em consonância com o decreto da Lei Orçamentária de 2015. Eles não ampliaram os gastos do Governo. Os recursos foram remanejados entre órgãos. E, além do mais, alguns destes decretos foram assinados pelo vice Michel Temer, que exercia a presidência interinamente. Sendo assim, ele também deveria ser afastado por impeachment.

FOLHA  – E no caso de Lula, por que, a seu ver, ele foi jogado no ‘olho do furacão’?

Padre João – Lula é uma grande liderança política. O maior presidente que nosso país já teve. O Brasil é reconhecido no mundo inteiro por um conjunto de políticas bem-sucedidas. Saímos do mapa da fome. Programas, como Aquisição de Alimentos (PAA), de Alimentação Escolar com compra da Agricultura Familiar, de Aleitamento Materno, o maior do mundo, PROUNI, PRONATEC, são modelos para outros países e continentes. O ensino superior cresceu e foi valorizado como nunca na história deste país. Tirou o Brasil das garras do FMI, articulou os países da América Latina, criou os BRICS.

Por isso, a importância dele para ajudar o Governo Dilma neste momento, pela sua experiência e capacidade de aglutinar forças políticas. A reação da oposição com seus aliados, inclusive com setores do Judiciário, foi imediata. Pude ouvir de um deputado: “Imagina a gente deixar o LULA viajando o país todo com a estrutura do Governo, como ministro?” Lula é ameaça. Entendem que é difícil derrotá-lo nas urnas, por isso lançam mão do vale-tudo para destruir sua imagem e pessoa.

FOLHA  – Como o senhor refuta as acusações contra Lula?

Padre João – Não existe nenhum processo instaurado contra o ex-presidente Lula. Existem denúncias, através de delações premiadas. Dia e noite, a mídia fica martelando o apartamento no Guarujá e o sítio em Atibaia. Já está comprovado que o apartamento não é dele. Mesmo se fosse, qual seria o problema? Por que o ex-presidente não pode ter imóvel? Ele deu palestras em todo o mundo, recebeu boa quantia pelo seu trabalho. Fernando Henrique tem apartamento em Paris, em Higienópolis, fazendas, e ninguém questiona. Por quê? Aécio tem até aeroporto que construiu em terrenos de seus familiares, usando dinheiro público. Lula não é réu em nenhuma ação. Já o presidente da Câmara, Eduardo Cunha, é réu em três ações no STF. Ele quer o impeachment de Dilma a todo custo. Que moral ele tem para conduzir um processo desses?

FOLHA  – Alguma consideração a mais para a opinião pública do Vale do Piranga?

Padre João – O povo de Ponte Nova e Vale do Piranga sabe distinguir quem está com a verdade, mesmo que ela demore um pouco a aparecer. Creio que todos tenham a clareza do que está em jogo é a democracia. Fazer cassação política anulando o resultado das urnas é golpe. Estão praticando o estado de exceção, usando o próprio direito para cometer ilegalidades. Juízes, promotores, procuradores devem zelar pelo cumprimento da Constituição e da lei, e não o contrário.

Estou convicto de que, com o povo nas ruas, vamos superar mais esta crise. Não podemos retroceder. Vamos avançar mais com Dilma cumprindo seu mandato, com o país retomando o crescimento, com respeito à democracia, à diversidade, à tolerância e à paz. Golpe nunca mais.  #nãovaitergolpe.

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