Não é fácil contar a história do povoado Gesteira, interior do município de Barra Longa, sem começar por desastres. Em 1979, acossada por enchente do rio Gualaxo do Norte, que vazou do seu leito sobre a cidade, sua centena de habitantes deslocou-se para o alto de um morro.
O refúgio virou morada definitiva quando o povo dali ganhou esse seguro pedaço de terra como caridade de fazendeiro da região. Gesteira, assim, foi dividida em duas: a Velha, a de baixo, e a Nova, a de cima.
Deparando com esta realidade, o repórter Caetano Manenti, do Portal UOL, contou em 8/11 como a parte de baixo de Gesteira voltou a ser castigada, agora pela lama de rejeitos de barragem da mineradora Samarco que se rompeu em 5/11, em Mariana.
Desde a madrugada de sexta-feira (6/11), Gesteira Velha praticamente não existe mais. As quinze famílias perderam suas casas, seu pequeno grupo escolar e sua quadra de futebol. De pé, para contar mais uma história de resistência, sobrou apenas a antiga igreja (foto), suja até o quinto metro de altura, como relata a reportagem do UOL.
Prova de que subir o morro era uma boa ideia, Gesteira Nova manteve-se limpa. Sem estradas, porém, seus moradores ficaram ilhados, sem luz e principalmente sem água.
Para piorar, o povo de Gesteira está acostumado a viajar para fazer suas compras semanais sempre às sextas-feiras, e a tragédia foi na quinta. As despensas estavam vazias, como conclui a reportagem.