Em carta aberta – assinada juntamente com o reitor da Universidade Federal de Minas Gerais, Jaime Arturo Ramírez -, o reitor da PUC Minas, dom Joaquim Giovani Mol Guimarães manifestou-se, na quinta-feira, 18 de maio, sobre o atual momento político do país, em que graves denúncias envolvem o atual presidente da República, Michel Temer, e o ex-governador de Minas Gerais, senador Aécio Neves/PSDB (ambos na foto).
Demonstrando preocupação com os desdobramentos dos fatos divulgados na quarta-feira, 17/5, os reitores defenderam “uma rigorosa e rápida apuração de todas as denúncias, independentemente de nomes e cargos nelas citados” e expressaram o desejo de que prevaleça no país o respeito à democracia, o pleno funcionamento das instituições, o estado de direito e a busca do bem comum como princípios da vida pública.
Esta é a integra da carta:
“A vida política e social no Brasil vem sofrendo, nos anos mais recentes, seguidos e cada vez mais preocupantes abalos. Tal cenário leva à sensação de que a corrupção se tornou sistêmica e profundamente enraizada na sociedade brasileira, gerando instabilidade e desesperança com relação ao futuro do país. Nem o reconhecimento das exceções, infelizmente tão poucas, dissipa a impressão de que a corrupção se estabeleceu como modo operativo prevalente, sobre o qual se tem a expectativa de obtenção, não apenas de poderes político e econômico, mas também da impunidade.
Pouco mais de um ano depois do impedimento da ex-presidente da República – cujas razões e o modo de processamento ainda dividem a sociedade -, o país se vê sobressaltado com novas e graves denúncias que envolvem diretamente o presidente da República e outros ocupantes de cargos políticos estratégicos no cenário nacional.
Como inevitável decorrência, surgem incertezas de toda ordem sobre os rumos e cenários futuros da República, em termos dos desdobramentos que podem trazer os fatos que vieram à tona nesta quarta-feira, 17 de maio de 2017.
É nesse cenário, conturbado e dramático da vida nacional que manifestamos de público a defesa de uma rigorosa e rápida apuração de todas as denúncias, independentemente de nomes e cargos nelas citados, e que os Poderes constituídos, em sua missão de resguardar a democracia e a defesa intransigente do estado de direito, garantam o pleno funcionamento das instituições democráticas, a liberdade dos movimentos sociais e de todas as instâncias de representação social.
A crença na democracia tem essencial significado: o de que, pela ética, correção e sentimento republicano, a sociedade buscará permanentemente a garantia do direito à justiça, liberdade e paz para todos. Se, por um lado, a dissonância e as divergências de posicionamentos e perspectivas políticas são naturais na vida democrática, por outro, o respeito às leis e à defesa do estado de direito e a busca do bem comum e da justiça social devem colocar-se como princípios inarredáveis da vida pública”.
Assinam Jaime Arturo Ramírez/reitor da Universidade Federal de Minas Gerais e dom Joaquim Giovani Mol Guimarães/reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais.