Carteiros e atendentes da microrregião de Ponte Nova atravessaram o eixo Centro-Palmeiras, na manhã desta sexta-feira (13/9), numa passeata (veja o vídeo) destinada a divulgar a greve salarial da categoria e a campanha contra a privatização, pelo Governo Federal, da Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos/ECT.
Logo cedo houve concentração diante do Centro de Distribuição Domiciliária/CDD da empresa, na parte baixa do Centro Histórico. A manifestação contou com cerca de 50 trabalhadores de Ponte Nova, Rio Casca, Raul Soares, Mariana, Viçosa e Teixeiras. Segundo Maria do Carmo de Oliveira Couto, diretora regional do Sindicato dos Trabalhadores da ECT em Minas Gerais, a greve – por tempo indeterminado – tem caráter nacional.
Os grevistas distribuíram carta aberta (leia abaixo) denunciando a tentativa do Governo do presidente Jair Bolsonaro/PSL de privatizar os Correios. Sobre os salários, a Direção Estadual do Sindicato informou em 12/9 que, face ao crescimento da mobilização grevista, “mudou a postura dos dirigentes da Empresa, que, como de praxe, vem utilizando seus canais de comunicação para disseminar ameaças, além de ter ajuizado pedido de dissídio coletivo, praticamente um dia após o início da greve. O objetivo é tentar confundir e enfraquecer nossa luta”.
Em 11/9, o delegado sindical Luiz Fernando dos Reis disse a esta FOLHA e à Rádio Ponte Nova que a Direção dos Correios não atende às principais reivindicações da categoria e ainda anuncia corte em vantagens antigas.
Carta Aberta
Esta é a íntegra da Carta Aberta à População:
“Existe um movimento escancarado, por parte do Governo Bolsonaro e de seus indicados políticos, para entregar os Correios de “mão beijada” para empresários internacionais. Privatizar os Correios quer dizer acabar com um direito constitucional da população, que é ter atendimento postal em todas as 5.570 cidades do Brasil.
O Correio é hoje o único elemento de integração nacional, pois nem as estradas chegam a todos os rincões do país. Já os Correios estão instalados e atuam em todos os municípios brasileiros.
Privatizar quer dizer que a maioria da população não receberá mais as suas correspondências em casa e não terá Agências dos Correios em seus municípios para pagamento de contas e recebimento de pensões e aposentadorias.
Com a privatização, os preços para postagens de cartas, telegramas, encomendas e demais serviços podem triplicar, dificultando a utilização desse serviço pela população mais pobre. As empresas privadas não vão garantir tarifas sociais e o acesso de toda a população ao serviço postal.
As tarifas irão aumentar, e com ela aumentará também a discriminação à população menos favorecida.
VEJAM ALGUMAS DAS POLÍTICAS SOCIAIS PELAS QUAIS OS CORREIOS SÃO RESPONSÁVEIS E QUE COM A PRIVATIZAÇÃO IRÃO ACABAR:
– Os Correios, além de entregar suas cartas, se responsabiliza pela entrega de livros didáticos em todas as cidades do país, o que viabiliza o início do ano letivo, no mesmo dia, em todo o Brasil. Isso acabará, se a Empresa for privatizada.
– A ECT e´ responsável pela coleta e entrega de donativos e vacinas em caso de catástrofes (enchentes, inundações) e surto de doenças. Isso acabará, se a Empresa for privatizada.
– A ECT também é responsável pelo transporte de órgãos para transplantes sem nenhum custo e pela campanha de aleitamento materno. Isso acabará, se a Empresa for privatizada.
– A ECT é responsável pelo pagamento de pensões e aposentarias nas pequenas cidades, que muitas vezes não têm bancos.
– A ECT é responsável por milhares de empregos indiretos. São inúmeras as micro, pequenas e médias empresas que atuam subordinadas aos Correios. Com a privatização, muitas dessas empresas fecharão, promovendo também a demissão de milhares de trabalhadores indiretos. Além disso, com a privatização, as Prefeituras e Câmaras municipais dos 5.570 municípios perderão seus relacionamentos/parcerias privilegiados com os Correios, o mesmo ocorrendo com os demais setores dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, pois as empresas privadas não manterão para tais privilégios.