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Danos da lama tóxica à saúde barralonguense

Reportagem da BBC News (canal internacional de notícias), reproduzida pelo Portal G1 nesse domingo (10/2), ratifica pesquisa de meados de 2018 sobre avaliação dos riscos à saúde da população de Barra Longa/MG afetada pelo desastre da Barragem de Fundão, em novembro de 2015.

A pesquisa foi feita pelo Instituto Saúde e Sustentabilidade, vinculado ao Greenpeace (organização não governamental de atuação internacional em defesa do meio ambiente).

“Indubitavelmente, a   saúde da  população  está comprometida de  diversas  formas”, informa o Instituto, considerando que a lama tóxica desceu pelo rio do Carmo e afetou a população barralonguense em áreas urbanas e rurais.

“A resposta  de  adoecimento está intrinsecamente relacionada ao grau e tempo de exposição aos riscos. Além do derramamento dos rejeitos, a comunidade convive com a contaminação do ar, água, solo e  fauna”, diz a pesquisa.

O Instituto mencionou, entre outras, ocorrências de dengue, hepatite A, diarreia, intoxicações, lesões de pele, doenças  respiratórias, exacerbação de doenças crônicas (hipertensão, acidente vascular cerebral e infarto do miocárdio) e comportamentais (depressão e ansiedade).

A reportagem da BBC relata que, em março/2018, onze moradores de Barra Longa descobriram que estavam contaminados por metais pesados (níquel e arsênio). A maioria tinha problemas de pele e dificuldade para respirar.

Esta constatação, diz o Instituto Saúde e Sustentabilidade, levou o Ministério Público Federal a requerer avaliação profunda por parte da Fundação Renova/vinculada à mineradora Samarco e dos Órgãos de Saúde do Município e do Estado.

“Quase um ano depois, contudo, ainda não há informações sobre a situação da saúde da população de Barra Longa. Diante dos diagnósticos de contaminação e de recusas da Renova e da Secretaria de Saúde de Barra Longa para realizar exames na população que não está incluída no estudo, algumas pessoas têm recorrido a laboratórios particulares”, informa a BBC.

A Renova afirmou à Imprensa nacional: "Como não há, até o momento, comprovação de relação causal entre os resultados do estudo e o rompimento da Barragem de Fundão, as pessoas são consideradas atingidas indiretas. Quaisquer danos à saúde da população que tenham relação comprovada com o rompimento serão considerados e tratados no processo de reparação."

As vítimas – que precisarão de acompanhamento médico pelo resto da vida – temem, entretanto, que a morosidade das ações tomadas para investigar a saúde no município dificulte a comprovação de eventual nexo causal e que elas fiquem desamparadas, conforme relata a BBC.

Um dos diagnosticados é Sofya Marques, que completou quatro anos no último dia 29 de dezembro e tinha menos de um ano quando, na madrugada do dia 6 de novembro de 2015, a lama que veio da região de Mariana invadiu a cidade.

Há anos, ela toma rotineiramente antialérgicos, corticoides e broncodilatadores para aliviar erupções que brotam constantemente na pele – que a mãe, Simone Silva, apelidou de "lixas" – e problemas respiratórios, como atestou a reportagem da BBC.

Para Simone, a lama que veio de Mariana é a única explicação para o fato de os níveis de níquel no sangue da filha estarem três vezes acima do limite máximo considerado normal: "Ela era um bebê quando a lama chegou, não tem outra explicação."

A Renova paga auxílio financeiro emergencial no valor de um salário mínimo àqueles considerados atingidos pelo rompimento da barragem. Como Sofya não é considerada atingida, não teria direito a participar do programa.

Como se sabe, no auge das obras, Barra Longa, que tem 6,2 mil habitantes, virou local de trabalho de contingente que variava entre 800 e 1.000 trabalhadores. Por sua vez, ao circular, uma frota de veículos pesados, como relatam os moradores, levantava muita poeira.

A BBC informa que desde 2016 a Fundação Renova tem sido alvo de denúncias de violações de direitos humanos em organismos internacionais, como a Comissão Interamericana de Direitos Humanos e a Comissão de Direitos Humanos da ONU. Por ora, essas entidades têm-se limitado a observar a situação, porque a questão ainda está em Juízo no Brasil.

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