Cerca de 1.000 estudantes dos Ensinos Fundamental e Médio da cidade de Porto Firme, situada na Zona da Mata de Minas Gerais, protestaram na manhã desse sábado (16/6) contra a proposta de construção de 2 Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs) no rio Piranga. A manifestação, que tomou as principais ruas da cidade, também reuniu pais e professores.
Segundo nota do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB, o protesto resultou de atividade desenvolvida pelos professores das Escolas Estaduais Imaculada Conceição e Sólon Idelfonso e Municipal de Educação Infantil Sossego da Mamãe. Durante a caminhada, flores foram jogadas no rio em homenagem às águas que cortam a cidade.
Além de entrevistar as famílias ameaçadas e fazer extenso levantamento fotográfico da fauna, da flora, da biodiversidade, da produção de alimentos e do cotidiano das populações que terão suas condições de vida seriamente afetadas, os estudantes e professores alertam os moradores da zona urbana sobre os perigos de haver piora nas enchentes do rio Piranga, que já causam grandes prejuízos à cidade, como ocorreu em janeiro deste ano, diz a nota do MAB.
Urnas foram espalhadas nas escolas e em vários outros locais onde os moradores podem opinar, até 29/6 sobre o assunto votando SIM ou NÃO para as propostas das 2 PCHs. A população tem-se informado e envolvido na discussão, a maioria sendo contra a construção dessas barragens. Tivemos caso de moradores, inclusive idosos, vindo à escola querendo votar dentro de sala de aula contra a construção porque estão preocupados com a piora das enchentes, afirma nota do MAB e de Maria Clarete Ribeiro Guedes, professora de Biologia e uma das coordenadoras das atividades.
Para Talita Vitorino, uma das militantes do MAB que acompanharam a manifestação, esta foi uma iniciativa pioneira e que demonstra de forma muita clara o poder que a escola tem quando decide debater temas cruciais para o futuro, como é a geração de energia. Esse projeto pode ser resultado do nosso trabalho de base na comunidade, mas, sobretudo, é fruto do esforço de estudantes e professores que entenderam seu papel transformador na sociedade. Agora a luta contra a construção dessas duas barragens, que trarão grande devastação para esta cidade, se forem feitas, ganha um novo fôlego com participação decisiva da juventude, afirma Talita.