A falta d´água no Bairro Paulo Giardini/Urucânia, mereceu reportagem em 217/1 no jornal Estadio de Minas. Há meses os moradores sofrem com o racionamento do recurso natural, que chega às casas de cinco em cinco dias quando chega. Em alguns períodos, como ocorreu em dezembro, as torneiras ficaram secas por duas semanas, levando quase ao desespero as famílias, principalmente mães com crianças recém-nascidas.
Ficar sem água é uma situação que deixa a gente transtornada. Imaginem em nossa casa, com um menino de 5 anos e uma menina de 5 meses para dar banho, disse ao diário de BH a dona de casa Marcilene de Paula Dionísio, moradora de um dos pontos mais altos do bairro.
Basta entrar na cozinha de Marcilene para ver o tamanho do problema e as formas de driblar a crise. Numa prateleira, estão embalagens de garrafa PET que, no momento pior da escassez, chegaram a 30 unidades cheias até a tampa. Reclamei na Copasa, mas acho que só Deus poderá nos ajudar, contou Marcilene, que mantém dois galões cobertos para o banho da família.
Uma vez, usei água de um caminhão-pipa para dar banho na minha filha, mas ela ficou com o rosto vermelho, como se estivesse com brotoejas. Acho perigoso pegar o líquido em qualquer lugar, por isso tenho que fervê-lo sempre, diz a dona de casa.
Preocupada com o corte no fornecimento , Marcilene caminhou mais de dois quilômetros e se juntou a dezenas de pessoas que buscam água numa mina. Eu tinha dado à luz havia pouco tempo, mas tive que enfrentar a ladeira na volta da bica, informou ela. Desde cedo é grande o movimento, com filas, diante da torneira que jorra água ininterruptamente e nunca secou, segundo os moradores.
A caminho do manancial, é costume ouvir o povo dizendo: Esta é a salvação de Urucânia. Moradora próxima da mina, a faxineira Margarida Maria da Silva mostra a bica de água cristalina, e a compara a ouro. Esse é nosso maior tesouro. Vale mais do que o metal, pois dessa aqui podemos beber à vontade para continuar vivendo com saúde, afirma. Margarida e a sogra Isaura Alves, de 84 anos, vêm cuidando há anos do local, que tem plantas, lajeado e limpeza. Estou acompanhando o problema em Belo Horizonte. O único jeito é não gastar, orienta Margarida, certa de que o efeito eu sou você amanhã muitas vezes é inevitável em tempos de crise hídrica.
O prefeito Frederico Brum de Carvalho/PRB diz que o município decretou emergência devido à falta do recurso natural. Sem chuva, o nível dos córregos São José e Contendas baixou tanto que impossibilitou o abastecimento normal das casas. A Copasa tinha previsão de fazer cinco poços, mas só em dois foi encontrada água. Um já está funcionando e outro será interligado à rede, assinalou ele no jornal de BH.
Diante da situação, a saída foi o rodízio, com o fornecimento de água aos bairros a cada cinco dias. O prefeito destaca, na reportagem do EM, que a suinocultura, esteio econômico da região, já sente os efeitos da escassez de água, pois o recurso natural é fundamental para a atividade.