A repórter Juliana Baeta, do jornal O Tempo, publicou em seu portal, nesse 29/3, reportagem sobre o voluntariado de Marlene Garcia, 59 anos, natural de Jequeri e radicada no Morro da Macumba, em São Paulo/SP. Ela preside a Ong Reviver Integração da Criança e do Adolescente/Recicla.
Marlene chegou a São Paulo quando ainda tinha 15 anos. “A minha irmã casou e veio com o marido pra morar aqui na comunidade, mas aí ela foi atropelada, e meu pai me mandou pra vir tomar conta dela. Eu conheci o meu marido e casei aqui, nunca mais voltei pra Minas, mas tenho saudade”, conta ela.
Evangélica e missionária, Marlene costumava levar as crianças do Morro da Macumba para a sua igreja, onde elas tinham aulas de teatro e balé. Mas depois disso “as crianças continuavam com fome e, pior, morrendo. Eu já enterrei três meninos aqui. Eles ficavam catando latinhas e morriam atropelados na rua”.
Diante disso, Marlene – que trabalhava numa padaria – passou a levar pão para a meninada. Depois começou a “fazer comida na garagem dos outros”. Mais um pouco de tempo, e ela conseguiu, com “a fé em Deus”, um galpão abandonado, cedido pelo chefe do tráfico.
Marlene disse que explicou para o traficante a situação das crianças da comunidade, muitas vezes usadas como escudo durante conflitos com a Polícia, e teve acesso ao local. Nascia ali a Ong Recicla, que hoje atende 230 menores com idades entre 4 e 15 anos ofrecendo-lhes: comida, alfabetização, aulas de Inglês e Francês, capoeira, reforço e acompanhamento escolar.
“Eu sou a cozinheira, a faxineira e a presidente da minha Ong”, brinca Marlene ao depor para o jornal O Tempo. Os professores são voluntários. Ela conta com a filha Vanessa, que está cursando Psicologia, e outros dois filhos, estudantes de Pedagogia.