A Direção/MG do Movimento dos Atingidos por Barragens/MAB divulgou nota, nesta semana, denunciando a insegurança nas estradas da região provocada pelos canteiros de obras da Samarco, de onde partem ordens de serviço para reparos provocados pelo rompimento da Barragem de Fundão (ainda em nov/2015, em Mariana), pertencente à mineradora Samarco.
A nota surgiu em decorrência da morte de Ricardo Pereira de Freitas, 34 anos, e seu enteado Adrian Eduardo Pereira, de apenas 10 anos, a bordo da moto Honda Bros HBO-3573, que em 11/4, em trecho da MGC-120, chocou-se de frente com o caminhão PXZ-1494, de Sarzedo, dirigido por Wemerson Geraldo, 40, de Ouro Preto. Este trabalha para empreiteira terceirizada pela Samarco no transporte de pedra e cascalho destinados à recomposição das margens do rio Doce.
O MAB lembra que o condutor da moto, Ricardo, era um dos atingidos pela tragédia ambiental, pois a lama interditou seu areal, mantido na comunidade de Santana do Deserto. Não por acaso, em 24/5, nessa localidade, haverá homenagem a Ricardo e Adrian, durante reunião marcada pelo deputado federal Padre João/PT, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal, com participação de comitiva do MAB e moradores de Rio Doce.
Sem entrar no mérito das condições do acidente, a nota do MAB ressalta que seguidas reuniões dos atingidos e de autoridades de Rio Doce denunciam os impactos do intenso trânsito de caminhões e carros da Samarco e suas terceirizadas mobilizados para obras no rio Doce e no entorno da barragem da Hidrelétrica de Candonga.
“O transito destes veículos está causando muitos estragos no asfalto, abrindo buracos, além de trazer muita insegurança por causa do grande movimento, que arrisca a vida de motoristas de toda a região”, denuncia Thiago Alves, integrante da coordenação do MAB em Minas Gerais.
Para Thiago, a terceirização desta atividade “impõe péssimas condições para assalariados e autônomos, precariza o trabalho, além de ritmo de trabalho alucinante, que transforma em bomba-relógio o trânsito numa região antes bastante tranquila. “Somos testemunhas do receio da população que trafega diariamente entre Ponte Nova e Rio Doce”, ressalta ele em nota do MAB.
De fato, o prefeito de Rio Doce, Silvério da Luz/PT, mencionou nesta semana, para a nossa Reportagem, que o intenso movimento de veículos pesados afetou bastante a rodovia, a qual, nesta quinzena, recebe operação tapa-buracos a cargo do pessoal e de máquinas da Samarco.
“Eles – dirigentes da Samarco e da sua Fundação Renova – recuperaram recentemente, e depois de muita luta, a estrada rural entre o perímetro urbano riodocense e Santana do Deserto”, disse Silvério. Ele chegou a proibir, via decreto, o tráfego de caminhões no município, mas via liminar judicial a Samarco continuou com o intenso tráfego.