Em virtude do início da 27ª Conferência sobre Mudanças Climáticas da Organização das Nações Unidas (COP), que acontece neste domingo (6/11), no Egito, pesquisadores fazem balanço das pesquisas desenvolvidas na Empresa de Pesquisa Agropecuária de Minas Gerais (Epamig) envolvendo sequestro do carbono, um dos temas centrais a serem debatidos no evento internacional.
O sequestro de carbono é feito durante a fotossíntese de plantas e algas, que absorvem o gás carbônico (CO2) da atmosfera para devolver oxigênio (O2). Quanto maiores a biodiversidade e as extensões de oceanos, matas e florestas naturais de um país, maior é o seu potencial de gerar créditos de carbono, que são excessos produzidos quando se cumprem as metas de redução das emissões de gases de efeito-estufa estabelecidos em acordos climáticos internacionais, podendo ser vendidos para outros países.
O informe da Epamig/MG, divulgado nesta semana, destaca o projeto “Caracterização, valoração e análise comparativa do sequestro de carbono na heveicultura: bases técnicas e científicas para o agronegócio e mercado de commodities ambientais”, efetuado no Campo Experimental do Vale do Piranga, em Oratórios.
A coordenação é do pesquisador da Epamig Sudeste/Viçosa, Antônio de Pádua Alvarenga, em conjunto com a pesquisadora da Embrapa Ciríaca Ferreira do Carmo. Realizado entre os anos de 2004 e 2006, o projeto pioneiro da Epamig oratoriense foi o primeiro no Brasil e um dos primeiros no mundo a analisar o potencial de sequestro de carbono da seringueira.
Importante desdobramento do projeto foi o livro “Sequestro de carbono: quantificação em seringais de cultivo e na vegetação natural”, publicado em 2006, o primeiro sobre o assunto no país e referência na área até os dias atuais. Segundo Antônio de Pádua, a pesquisa analisou o potencial de resgate de carbono de folhas, troncos, galhos, caules e raízes de nove seringueiras.
Concluiu-se que a planta possui alta capacidade de absorção do elemento químico. "Trata-se de cultura com potencial de resgate fantástico. Ao longo de uma vida útil de 15 anos, uma área com duas seringueiras pode sequestrar uma tonelada de carbono. Além disso, ela produz o látex, que é composto por 90% de carbono e é matéria-prima da borracha. Isso amplifica a contribuição da seringueira na redução do gás carbônico na atmosfera”, explica o pesquisador no informe da Epamig.
Ele ressalta que o grande interesse financeiro sobre o resgate de carbono impulsionou o boom de pesquisas sobre o assunto nos últimos anos. Conclui Antônio de Pádua:
“Era uma pauta muito forte nos anos 2000 que acabou esfriando, mas recentemente, com as discussões sobre aquecimento global, ganhou destaque novamente. Nesse sentido, vejo a seringueira como uma excelente opção econômica, social e ambiental, pois, além de resgatar o carbono, é uma planta que, por suas características fisiológicas, preserva o solo, recupera a área degradada, retém a umidade do solo e aumenta o armazenamento de água no solo.”