O presidente da Comissão Extraordinária Pró-Ferrovias Mineiras na Assembleia Legislativa/MG, deputado João Leite/PSDB, questionou diante de prefeitos, vereadores e representantes de movimentos ligados ao setor ferroviário da Zona da Mata “por que suas lideranças não lutaram, na década de 1980, quando seus municípios perderam trechos ferroviários que cortavam a região”.
A afirmativa ocorreu na tarde de 17/9, durante audiência pública realizada em Cataguases, visando debater a volta da chamada Linha Mineira, a qual, até a década de 1980, cortava diversos municípios da nossa macrorregião. Entre os prefeitos, estava o de Ponte Nova, Wagner Mol/PSB.
Compareceram ainda dirigentes de ONGs de Defesa da Ferrovia. Wagner mostrou-se aberto a debater o tema da retomada da Linha Mineira. Ele deseja conversar com representantes do Núcleo de Preservação Ferroviária de Ponte Nova/Ferropon sobre a memória ferroviária da cidade e empreendimentos neste setor.
Conforme esta FOLHA apurou, o Ferropon faz gestão junto às lideranças políticas, empresariais e comunitárias para que se consiga inclusive a retomada do transporte de passageiros. “Lutamos ainda pela criação do Museu Ferroviário ou algo semelhante e a implantação de 'biciclotrem' no bairro Copacabana”, informou o diretor Alfredo Padovani.
Segundo Padovani, dirigentes de entidades ligadas ao setor ferroviário afirmam que grupos empresariais nacionais e estrangeiros têm interesse em investir na Linha Mineira. Ele recolheu relatos sobre a audiência de 17/9 destacando declarações do parlamentar tucano de que a desativação da ferrovia contribuiu para o empobrecimento da população, colocando esta parte do Estado num dos maiores índices de pobreza de Minas.
No entender de João leite, com a cessão da malha para a Ferrovia Centro Atlântica e posterior desativação férrea, “reza o contrato que ela deve pagar uma multa ao Estado no valor de R$ 1,3 bilhão”. Deputados e prefeitos querem que este dinheiro seja aplicado na retomada da Linha Mineira.
Ocorre, segundo o dirigente da Comissão Extraordinária, que outras lideranças políticas desejam ver o dinheiro investido no Metrô de Belo Horizonte. “Nesta queda de braço, é importante que a população da Zona da Mata e Região dos Inconfidentes se posicione a favor do retorno da ferrovia”, alertou ele.
Sabe-se que lideranças empresariais da Zona da Mata têm interesse na retomada da Linha Mineira, apostando na redução do custo de transporte de diversos insumos principalmente para o setor agropecuário (suinocultura e produção leiteira) e da construção civil. Reivindica-se inclusive a criação de “porto seco” da ferrovia no município de Ponte Nova.