Quarenta e nove por cento das pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão/Mariana, ocorrido em novembro de 2015, são mulheres. Apesar de constituírem, no entanto, praticamente metade do contingente afetado pelo desastre, elas já manifestaram, em diversas ocasiões, ao Ministério Público/MP, o tratamento diferenciado que vem recebendo dos causadores do desastre nos processos de reparação e compensação dos danos.
Essa queixa levou o Grupo Interinstitucional em Defesa do Rio Doce, que atua no caso, a expedir recomendações e solicitar ampla pesquisa para coleta de dados objetivos sobre a situação das mulheres na Bacia do Rio Doce. O trabalho, realizado pela empresa Ramboll e divulgado nesta semana pelo MP, avaliou questões relacionadas a renda, saúde e perda de emprego, entre outras.
Para ouvir, compreender e dar visibilidade a essas mulheres, que tiveram suas vidas mudadas para sempre pela lama da mineração, e ainda por ocasião da celebração do Dia Internacional da Mulher, o referido Grupo Interinstitucional realizará dois eventos.
O primeiro ocorre nesta terça-feira (12/3), a partir das 13h, na Assembleia Legislativa do Estado do Espírito Santo. O segundo está previsto para acontecer em abril, em Minas Gerais, em local e data ainda a serem confirmados. Nas duas agendas, serão apresentados os resultados da pesquisa sobre a situação das atingidas.
Um dos pontos constatados pela equipe de pesquisadores foi o de que a percepção sobre a perda de renda entre os gêneros foi maior entre as mulheres. “Ou seja, elas percebem maior sofrimento em relação ao impacto sobre a ocupação que tinham antes do desastre. Esses dados são significativos para demonstrar que as mulheres obtinham mais renda de maneira informal antes do desastre e, com o mesmo, elas perceberam proporcionalmente mais perdas do que os homens”, diz a nota do MP.
“Essa informação faz levantar a hipótese de que, para as mulheres, fica mais difícil comprovar a renda perdida após o desastre e, portanto, agora elas devem perceber mais injustiça quanto ao reconhecimento e ressarcimento do lucro cessante”, informa trecho do relatório.
Grupo Interinstitucional
O Grupo Interinstitucional em Defesa do Rio Doce é composto por Defensoria Pública do Estado do Espírito Santo, Ministério Público do Espírito Santo, Defensoria Pública da União, Ministério Público Federal, Ministério Público de Minas Gerais e Defensoria Pública do Estado de Minas Gerais.