"Só a luta vence a lama", disse o arcebispo de Mariana, dom Geraldo Lyrio Rocha, na abertura do Encontro dos Atingidos por Barragens, iniciado na manhã dessa quinta-feira (3/11), na Arena Mariana.
“Unamo-nos no apoio aos atingidos pela tragédia do rompimento da Barragem de Fundão, para que tenham seus direitos respeitados, sua dignidade reconhecida, seus bens ressarcidos e seu protagonismo considerado na busca de soluções que atendam a seus legítimos interesses. Unamo-nos para salvar a Bacia do Rio Doce”, acrescenta dom Geraldo.
O encontro, que segue até este sábado (5/11), pretende reunir cerca de 800 pessoas atingidas pelo rompimento da Barragem de Fundão, além de entidades, movimentos e organizações, para debaterem o futuro da Bacia do Rio Doce.
Dom Geraldo também acrescentou que, "diante desse quadro de desolação, é extremamente encorajador experimentar a solidariedade de todas as pessoas que aqui vieram de outras localidades. A solidariedade que aqui se expressa nos encoraja a prosseguir na luta para salvar a Bacia do Rio Doce, cujo processo de degradação se agravou ainda mais com a chegada da lama de dejetos minerais da Barragem de Fundão."
Para Manoel Marques Muniz, atingido de Bento Rodrigues, os direitos não estão iguais: “Temos um ano de luta, e até hoje muita coisa não foi resolvida. O nosso Bento acabou, e era lá que nós gostaríamos de estar. Por isso, precisamos participar desse encontro.”
Saindo da cidade de Regência (ES) e seguindo até Mariana, os atingidos fizeram marcha que percorreu o caminho contrário ao da lama, entre os dias 31/10 e 2/11. A caravana, contando com cerca de 300 pessoas, chegou na noite dessa quarta-feira a seu destino final.
Para Thiago Alves, militante do Movimento dos Atingidos por Barragem (MAB), participar dessa caminhada foi muito importante.
“Esta marcha foi um momento de aprendizagem para o movimento e as pessoas. Pois nós podemos ver o conjunto do estrago do rompimento, que não se resume à tragédia imensa ocorrida em Bento Rodrigues. É um conjunto de situações, que envolve acesso a água de qualidade, alimentos seguros, condição de vida de agricultores rurais e do mar, a segurança de comunidades e outras questões”, afirma Thiago (com informações e foto da Arquidiocese de Mariana).